Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Os vários dutos da sujeira em Brasília

Sexta, 26 de fevereiro de 2010
O governador Arruda e seus deputados na CLDF (Câmara Legislativa do DF) colocaram o Distrito Federal (lembrei-me da banda DETRITO Federal) numa situação difícil, vexatória. O governador continua preso e assim permanecerá pelo menos por mais alguns longos dias (todos os dias de prisioneiros são longos, muito longos); Paulo Octávio, o vice, assumiu o governo e logo percebeu que seus negócios poderiam sofrer prejuízos se permanecesse à frente do GDF (Governo do Distrito Federal). Renunciou.Wilson Lima, que depois de Leonardo Prudente, o distrital da meia, renunciar à Presidência da CLDF, foi eleito o novo presidente da casa legislativa de Brasília, assumiu o Governo do DF. É um homem da confiança do governador encarcerado.
A situação do DF é tão crítica que o procurador-geral da república entrou no STF (Supremo Tribunal Federal) com pedido de intervenção federal. Alegou que o Executivo e o Legislativo em Brasília chegaram ao fundo do poço. Tem razão, chegaram à lama. E não é apenas de agora. Uma intervenção federal é um remédio constitucional de graves efeitos colaterais. Deve ser usado quando a unidade da federação beira o caos, como é a situação do DF. Quando por exemplo, governador, vice-governador, presidente do Poder Legislativo, deputados estão envolvidos em podridão como a demonstrada pela Operação Caixa de Pandora.
A intervenção, avalia-se, está por vir, até mesmo em razão de mais algumas sujeiras que estão para submergir nessa imundície que se tornou a vida pública em Brasília. Se chegar, ruim será para Brasília. Caso não venha, quem sabe, poderá ser pior para Brasília.
O que é muito estranho é a posição de alguns, até mesmo de entidades do Distrito Federal. Antes, bradavam pela intervenção. Agora usam o sempre surrado argumento da “governabilidade”. A governabilidade que queremos é a aquela mostrada pelos vídeos da produção independente de Durval Barbosa? É a governabilidade do saque dos cofres públicos por empresas “prestadoras” de serviço ao Estado?
Ou será aquela governabilidade engendrada nos subterrâneos da Câmara Legislativa do Distrito Federal?  “Governabilidade” que segundo o próprio Durval Barbosa, em depoimento à Polícia Federal, teria irrigado os bolsos, e Deus mais sabe lá o que, da maioria dos distritais para, por exemplo, aprovar o PDOT (Plano Diretor de Ordenamento Territorial). PDOT que, multiplicará por milhares de vezes o valor de terrenos que pertencem a alguns privilegiados componentes da Corte de Brasília. Extensas áreas de terras que eram rurais e num passe de mágica, melhor, num “passe alguma coisa pra cá”, se tornaram urbanas, e por isso supervalorizadas.
Argumentos há, e muitos, pela intervenção. Da mesma forma há argumento, e também em igual volume, contra a intervenção. O estranho é a mudança da postura de entidades e de até deputados distritais que até ontem defendiam de modo intransigente a intervenção como única forma de curar, ou pelo menos, minorar a condição de doente do Distrito Federal. E de antes até agora as evidências é de que as coisas estão piorando. Se estão piorando, por que então essa mudança abrupta de opinião?
Tudo isso deixa o povo com mais pulgas atrás das orelhas. Não por sujeira, mas matutando se haveria dutos entre as várias sujeiras no DF?
Que não venha a intervenção federal, mas que venha imediatamente novas eleições diretas para governador, única forma de tentar ultrapassar essa vergonhosa fase na política de Brasília.