Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

domingo, 21 de março de 2010

Autismo

Domingo, 21 de março de 2010
Está previsto para a próxima quinta-feira (25/1) um abraço simbólico no STF (Supremo Tribunal Federal). A iniciativa foi da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional do DF, que conseguiu sensibilizar 54 entidades para o evento. No STF o abraço é simbólico, mas para o DF o abraço está mais para abraço de tamanduá, visto que não há saída para o DF que não passe pela intervenção federal.
A OAB-DF e as entidades querem sensibilizar o STF contra a intervenção federal no executivo e no legislativo do DF. O Executivo do DF é aquele que até pouco tinha Arruda como chefe (e poderá tê-lo de volta, a depender da decisão da Justiça), aquele executivo que todos os dias, até hoje, explode um escândalo de corrupção. O Legislativo, esse todos conhecem. É o do deputado da meia, do parlamentar da oração da propina, da deputada da bolsa gulosa. É o legislativo do qual o Ministério Público Federal requereu a suspeição de 26 parlamentares e suplentes.
Uma intervenção federal é um remédio amargo, mas só ela poderá trazer de volta um mínimo de seriedade, de honestidade aos negócios do Estado. Um mínimo de esperança à população.
Dentre as 54 entidades que apóiam o abraço simbólico ao STF, muitas representam interesses de grupo que só teriam o que perder com uma intervenção. São entidades de classe de empresas que prestam serviços ao governo, área sensível à corrupção, como bem demonstraram os vídeos de Durval Barbosa. Outras entidades devem temer a mudança de poder no DF. Como estão à sombra dos atuais detentores do poder, para que mudar? Alguns partidos políticos que mantêm ainda muito poder ou no Executivo ou no Legislativo também não querem correr o risco de alterar essa relação de poder. A intervenção faria com que os distritais perdessem força justamente no ano das eleições.  Situação inadmissível para eles.As incertezas de uma intervenção angustiam muitas dessas entidades.
Enquanto isso, o povo espera e torce pela intervenção. Pelo menos é o que se depreende das manifestações das pessoas e, inclusive, de algumas enquetes de empresas da mídia.