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(Millôr Fernandes)

sábado, 27 de março de 2010

Promotor diz que adiamento de novo julgamento do caso Dorothy Stang causaria frustração no Pará

Sábado, 27 de março de 2010
da Agência Brasil
Ivan Richard - Repórter da Agência Brasil

Brasília - O promotor de Justiça Edson Cardoso, responsável pela acusação de um dos mandantes do assassinato da missionária norte-americana Dorothy Stang, afirmou hoje (27) à Agência Brasil que o possível adiamento do julgamento do fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, marcado para a próxima quarta-feira (31), causaria uma “enorme frustração” no estado do Pará.

A possibilidade de adiamento do julgamento existe porque a defesa de Bida ingressou com um pedido de habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) para que o juri só ocorra após a análise de recursos que ainda estão em aberto. O relator do caso no STF é o ministro Cezar Peluso.

Apesar de reconhecer a legalidade do pedido da defesa do fazendeiro, Cardoso avaliou que mudar a data do julgamento causaria prejuízos aos cofres públicos. Segundo ele, a Justiça já fez a preparação do julgamento, como o deslocamento de testemunhas para a Belém, onde será realizado o julgamento.

“A defesa tem o direto de pedir o adiamento. Mas o ministro Peluso está numa situação difícil porque pode criar uma frustração muito grande para o estado”, disse. De acordo com ele, além do prejuízo aos cofres públicos, a possível mudança de data também frustraria a expectativa da sociedade civil que está se preparando para acompanhar o julgamento.

“O deslocamento de Anapu [cidade onde Dorothy foi assassinada] para Belém é muito longo e várias entidades já estão na capital para assistir o julgamento”, afirmou.

O promotor adiantou que sua estratégia no julgamento será de tentar provar que Bida ofereceu promessa de pagamento de recompensa a Rayfran das Neves, atirador dos seis tiros que mataram Dorothy. “Rayfran não teria uma razão para matar Dorothy, e só o fez por uma razão”, disse.

Bida vai a julgamento popular pela terceira vez. No primeiro juri, o fazendeiro foi condenado a 30 anos de prisão. Na segunda vez foi absolvido, mas o julgamento foi foi anulado.

Além de Bida, também irá a juri popular o fazendeiro Regivaldo Pereira Galvão, apontando por inquérito policial como mandante do crime. O julgamento de Taradão, como é conhecido Regivaldo Galvão, está marcado para o dia 30 de abril.