Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 29 de abril de 2010

O remédio é amargo, mas se não for tomado logo o doente morre

Quinta, 29 de abril de 2010
Cooperativas, construtoras, servidores públicos e até deputados distritais são suspeitos de irregularidades na distribuição de lotes às cooperativas habitacionais.
Ministério Público também investiga a cobrança de propinas por servidores comissionados do GDF ligados a deputado distrital para entregas de lotes a militares da PM e Bombeiros em passagens de pedestres do Gama e de outras cidades do DF, inclusive em áreas já proibidas pela Justiça de serem ocupadas.
Contratos de prestação de serviços são fechados sem a necessária e legal licitação. Aditivos permitem a prorrogação irregular de contratos que carregam milhões e milhões de reais dos cofres públicos para os bolsos de empresários.
Pacientes são obrigadas a terem filhos em bancos e banheiros de hospitais. Exames médicos não são realizados porque faltam etiquetas para identificação das amostras. Outros exames não se realizam porque os equipamentos não foram distribuídos para as unidades de saúde. Cirurgias não são realizadas por falta de anestesistas ou uma simples linha de sutura.
O VLT —Veículo Leve sobre Trilhos (não seria Veículo Leva Tudo?)— descarrilha e despeja um bocado de suspeitas de trambiques.
A CPI da Corrupção, indevidamente denominada de CPI da Codeplan, que deveria apurar as denúncias de Durval Barbosa, sequer tem sua formação completa. Dos cinco membros apenas três estão nomeados. CPI que, por total vontade da CLDF, não ouve os acusados e testemunhas. Esta tomando o depoimento “por escrito”. Faz as perguntas, envia para o “depoente” e, dias depois, recebe as respostas. Uma graça. Cômico, até.
Articulações pesadas são realizadas na CLDF (Câmara Legislativa do DF) para salvar o mandato de parlamentar apanhada enchendo a bolsa.
Denúncias sobre possíveis propinas recebidas por distritais para aprovarem a Lei do Passe Livre, e também do PDOT (Plano Diretor de Ordenamento Territorial), passam batidas na CLDF. Ninguém fala, ninguém comenta, ninguém se movimenta.
Grandes empresários que manteem negócios e interesses —e que negócios, e que interesses— na área de construção e prestação de serviços terceirizados, a grande mídia e mais algumas pessoas que, por isso mesmo, desejam que as coisas continuem como d’antes no quartel de Abrantes, fazem tudo para que não aconteça a intervenção federal em Brasília.
Diante de tudo acima e de muita coisa mais que aqui não foi dita, inclusive sobre a Operação Caixa de Pandora, só resta a intervenção.
Que venha a intervenção, o remédio amargo que pode recuperar a saúde do organismo estatal do Distrito Federal.