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(Millôr Fernandes)

sábado, 17 de abril de 2010

PMDB e sucessão

Sábado, 17 de abril de 2010 
Por Ivan de Carvalho

1. Estarão em Itabuna, hoje, o candidato a governador pelo PMDB, deputado e ex-ministro Geddel Vieira Lima, o senador César Borges, presidente estadual do PR e candidato à reeleição na coligação liderada pelo PMDB, o prefeito de Salvador, João Henrique, também deste partido e o presidente estadual da legenda, Lúcio Vieira Lima.
Eles vão ao encontro do prefeito Azevedo, do DEM, por conta de ato relacionado com recursos liberados para a prefeitura local quando Geddel ainda era ministro da Integração Nacional.
    Para não dar guarida à arriscada, mas não descartada hipótese de tão importante caravana ser uma iniciativa para coroar eventual adesão do prefeito à aliança peemedebista no processo sucessório estadual ou pelo menos uma preliminar disto, limito-me a duas observações laterais.
A primeira é a consumação, em ação de campo, da aliança acertada nos gabinetes entre o PMDB e o PR, que produz uma mexida profunda no processo, ao tempo em que a aliança peemedebista dá uma demonstração forte de seu interesse em Itabuna e nos votos do importante município.
A segunda observação é a de que trata-se da primeira demonstração pública da continuidade e profundidade do apoio do prefeito de Salvador à candidatura de Geddel e às demais da chapa majoritária liderada pelo PMDB depois que sua mulher, a deputada Maria Luiza Carneiro, fez, esta semana, o seu surpreendente e polêmico pronunciamento na Assembléia Legislativa, criticando Geddel e anunciando sua desistência de concorrer a uma cadeira na Câmara federal, como pretendia. Ela não será também candidata à reeleição. Um filho do casal, porém, disputará – certamente será eleito – uma cadeira na Assembléia Legislativa.
2. Três partidos que poderão apoiar o candidato a presidente da República pela coligação PSDB-DEM, o governador de São Paulo, José Serra, poderão também integrar a aliança liderada pelo PMDB na Bahia – partido que apóia Dilma Rousseff, do PT, para presidente.
O primeiro deles é o PPS. Já está decidido que apoiará a candidatura de Serra. Na Bahia, até certo ponto por causa de uma antiga pinimba de seu presidente nacional, Roberto Freire, com o ex-senador Antonio Carlos Magalhães, mas também por motivos regionais, o PPS está seriamente inclinado a ingressar na aliança liderada pelo PMDB.
O segundo é o PSC. Este partido tem uma facção que deseja apoiar a candidata do governo, Dilma Roussseff, mas os sinais existentes não sugerem que tal facção consiga prevalecer. A tendência mais forte é o PSC formar na aliança que sustenta a principal candidatura de oposição e tem o ex-prefeito de São Paulo, ex-ministro do Planejamento e da Saúde, ex-senador e ex-governador paulista como candidato a presidente. Mas na Bahia o PSC já apóia a candidatura de Geddel a governador, que por sua vez apóia a candidata Dilma Rousseff – aquela que resolveu esta semana, para surpresa geral, se declarar católica – a presidente.
O terceiro partido é o PTB. Na Bahia, já está apoiando, faz tempo, a candidatura de Geddel Vieira Lima. No âmbito nacional, está dividido. A direção executiva, presidida pelo ex-deputado Roberto Jefferson – aquele que denunciou o Mensalão, mas também é réu no processo que corre no STF – esforça-se para levar o partido (que apóia o governo de Lula no Congresso) a fazer aliança com José Serra. A maioria da bancada no Congresso tenta neutralizar esse esforço e prefere apoiar a candidata oficial à presidência da República.

Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia deste sábado.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.