Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

terça-feira, 25 de maio de 2010

Segurança, Serra e Dilma

Terça, 25de maio de 2010 
Por Ivan de Carvalho         
1. Recentemente, durante visita à Bahia, o candidato a presidente República da coligação PSDB-DEM-PPS e outros partidos, José Serra, assumiu publicamente o compromisso de, caso seja eleito, criar o Ministério da Segurança Pública e transformar o problema da insegurança na sociedade em uma das prioridades de seu governo. Escolheu a Bahia para o anúncio porque este é um estado em que o avanço da criminalidade, organizada ou não, mas habitualmente violenta, pode ser qualificada sem receio de exagero como alucinante. Último fim de semana, 22 homicídios na RMS, segundo o noticiário policial.
2. Em ocasião pouco posterior, o candidato tucano insistiu no assunto, assinalando o óbvio – que a criminalidade e a violência no Brasil são alimentadas principalmente pelo contrabando de armas e o tráfico de drogas, sendo, portanto, grande a responsabilidade federal, e que sem um envolvimento profundo e decidido da União o problema não será atenuado, muito menos resolvido, mas sim agravado. Deixou claro que é uma obrigação da União assumir, politicamente e com os meios de que dispõe, a liderança da luta contra a insegurança.
3. Lamentavelmente, já durante os oito anos do governo FHC o crime organizado e violento, que inicialmente fincou suas raízes no Rio de Janeiro sob a condescendência ou inação dos governos de Leonel Brizola, passou a expandir-se para outras áreas do território nacional com intensidade, embora em graus diferentes haja se espalhado por todo o país, quebrando os parâmetros anteriores de criminalidade. É claro que a rápida urbanização do país foi um fator fundamental para isto, mas os governantes (sempre com as tradicionais raras e honrosas exceções) não deram a mínima importância para isso nos seus programas de governo. Havia a convicção de que o grau de segurança pública acaba não influindo expressivamente nas eleições e, portanto, pode ser negligenciado.
4. Se já foi assim durante o governo de oito anos de FHC, com Lula vem sendo muito pior. Basta vez os números do começo do governo Lula e os de agora em relação à criminalidade e à violência e observar que o atual presidente foi tão omisso quanto seu antecessor num programa de combate ao crime. E que, assim, este acelerou seu avanço. Lula inventou o Pronasci (Programa Nacional de Segurança com Cidadania), com o qual o leitor deve estar completamente familiarizado e sabedor de tudo que tal programa tem feito pela segurança pública. Perdoem a ironia. Inventou também a Força Nacional de Segurança, uma colcha de retalhos formada por grupos de policiais militares dos Estados, sem treino para isto, deslocados e postos, em emergências, sob comando federal. Uma idéia impressionante.
5. Dilma Rousseff, candidata do PT, já criticou o Ministério da Segurança Pública prometido pelo oposicionista José Serra. E não prometeu nada para compensar. A impressão é a de que pretende deixar tudo como está.
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Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta terça.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.