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(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Auditoria Cidadã da Dívida comenta reportagem do Correio Braziliense

Quarta, 4 de julho de 2010
Do site "Auditoria Cidadã da Dívida"
O Jornal Correio Braziliense traz importante artigo mostrando como as compras de dólares feitas pelo Banco Central (BC) geram imensos ganhos aos bancos às custas do Tesouro, ou seja, do povo. Conforme mostra o artigo, o BC tem comprado uma quantidade de dólares muito superior à que efetivamente entra no país, o que estimula os bancos a tomarem empréstimos no exterior para vender dólares ao BC, recebendo em troca Reais. Na visão do BC, esta injeção de Reais na economia poderia causar inflação, então o BC coloca títulos da dívida pública no mercado, para tirar de circulação estes Reais.

Em bom português: nesta operação, os bancos pagam taxas de juros baixas no exterior, para vender dólares ao BC, e recebem em troca títulos da dívida interna, para ganhar as altíssimas taxas de juros brasileiras. Por outro lado, o BC aplica tais dólares principalmente em títulos do Tesouro dos EUA, que não rendem quase nada.

O artigo mostra que o suposto objetivo de tais compras de dólares pelo BC seria provocar a escassez da moeda americana no mercado, provocando assim o aumento do preço do dólar. Ou seja: o objetivo seria desvalorizar o Real, para incentivar as exportações. Porém, o artigo mostra que, comprando dólares, o BC estimula os bancos a pegarem mais e mais dólares no exterior para serem vendidos ao próprio BC, o que gera, na realidade, a abundância da moeda americana, sobre-valorizando o Real. Isto  dificulta as exportações e facilita as importações de produtos e serviços, gerando o grande rombo nas contas externas.

Outra operação do BC que supostamente possuiria o objetivo de desvalorizar o Real (mas possui o efeito contrário) se faz por meio dos chamados “swaps cambiais reversos”, que segundo o artigo “serviram para resolver problemas de liquidez temporária dos mercados à custa de perdas ao BC”.

E o pior: quando a cotação da moeda americana cai (ou seja, o Real se valoriza), os bancos lucram ainda mais às custas dos mega-prejuízos do BC, dado que este último fica com o mico (ou seja, o dólar, que se desvaloriza) enquanto a dívida externa “privada” dos bancos fica menor, medida em reais. É uma gigantesca transferência de recursos do setor público para o setor privado. 

Portanto, estamos diante de mais uma dívida ilegítima e odiosa, ou seja, aquela feita contra os interesses do país: a dívida interna feita para comprar esta montanha de dólares, que gera a sobre-valorização da moeda nacional, os mega-prejuízos do Banco Central, e ainda o rombo nas contas externas.

Cabe ressaltar também que um outro suposto objetivo alegado pelo governo para o acúmulo de reservas – evitar fugas de capital – pode ser atingido por meio de controles sobre o fluxo de capitais, implementados com sucesso por vários países.

O revelador artigo do Correio Braziliense conclui, por fim, que o modelo econômico atual possui “distorções em série”.
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