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(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Empréstimos ao BNDES e compras de dólares pelo BC fazem dívida externa explodir

Quarta, 4 de julho de 2010
Do site "Auditoria Cidadã da Dívida"
O Jornal Correio Braziliense traz artigo mostrando que os presidentes do Banco Central (Henrique Meirelles) e BNDES (Luciano Coutinho) travam uma discussão pública, para saber quem mais aumentou a dívida interna nos últimos anos. Segundo Meirelles, os empréstimos do Tesouro ao BNDES causaram um aumento de quase R$ 200 bilhões na dívida interna, enquanto Coutinho responde dizendo que as compras de dólares do Banco Central foram responsáveis pelo aumento da dívida interna em R$ 351 bilhões nos últimos anos.

Neste debate, quem tem razão? Ambos. Ou seja: depois da Auditoria Cidadã da Dívida denunciar por meses que os empréstimos ao BNDES e as compras de dólares pelo Banco Central estão fazendo a dívida interna explodir, finalmente os próprios integrantes do governo reconhecem isto, admitindo publicamente que a dívida interna aumentou em mais de R$ 500 bilhões nos últimos anos.

Porém, esta explosão não aparece nas estatísticas de “Dívida Líquida do Setor Público” (DLSP), uma vez que, de acordo com a metodologia da DLSP, a dívida interna feita para financiar as compras de dólares é anulada pelo montante destes mesmos dólares acumulados no Banco Central (as chamadas “reservas internacionais”), e a dívida interna feita para obter os recursos do BNDES é também anulada pela dívida que o BNDES passa a ter com o Tesouro.  Porém, cabe ressaltar que a dívida interna paga os juros mais altos do mundo, enquanto as reservas internacionais e a dívida do BNDES com a União propiciam rendimentos muito menores ao governo.

Em ambos os casos, o setor financeiro é privilegiado, ganhando a maior taxa de juros do mundo às custas do povo. Não por acaso, é este mesmo setor financeiro o maior responsável pelas doações a candidatos à presidência melhores colocados nas pesquisas eleitorais, neste primeiro mês de campanha, conforme mostra o jornal Estado de São Paulo. Interessante repetir aqui trecho de outro artigo publicado pelo mesmo jornal no dia 21 de julho, e comentado por esta seção: "Quando uma empresa doa recursos para a eleição, está esperando retorno, na forma de contratos ou de determinações".

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