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(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Estadão: CGU blinda Erenice Guerra às vésperas da eleição

Quinta, 30 de setembro de 2010
Publicado em O Estado de S. Paulo
Órgão anunciou fim de auditorias em contratos citados em escândalo que derrubou ex-ministra

Leandro Colon, de O Estado de S.Paulo

A três dias das eleições, a Controladoria-Geral da União (CGU) anunciou a conclusão de auditorias em contratos mencionados no escândalo que derrubou Erenice Guerra da chefia da Casa Civil. O resultado da CGU blinda Erenice, não aprofunda o tráfico de influência de seus parentes, e não aponta qualquer indício de ligação dela com os episódios investigados. No máximo, admite que ela já foi sócia de um escritório contratado pelo governo.

As auditorias da CGU começaram no dia 14 de setembro a pedido do presidente Lula em meio ao movimento para dar respostas políticas durante o escândalo que levou à queda do braço-direito da ex-ministra e presidenciável Dilma Rousseff (PT). Em apenas duas semanas e às vésperas da eleição, o órgão do governo apresentou seus principais resultados, favoráveis para Erenice.

Para a CGU, o episódio que culminou com a queda da ex-ministra não teve qualquer irregularidade contratual. O empresário Rubnei Quicoli acusa integrantes da Casa Civil de tentarem intermediar o pedido de financiamento - para um projeto de usina solar - feito pela empresa ERDB ao BNDES. A CGU não aborda isso e explica: "A CGU concluiu que o pleito de financiamento teve o tratamento técnico previsto nas normas internas do BNDES e que o mesmo não foi aprovado por não atender aos requisitos exigidos pelos normativos internos daquela instituição financeira".

Segundo a controladoria, não houve também qualquer irregularidade na compra do remédio Tamiflu, no ano passado. De acordo com a revista Veja, Vinicius Castro, ex-assessor da Casa Civil, recebeu R$ 200 mil de propina pela compra do medicamento. A CGU também afirma que não houve falhas nas multas aplicadas à Matra Mineração, empresa ligada ao marido de Erenice.

A CGU investigou ainda a contratação - revelada pelo Estado - do escritório Trajano e Silva Associados pela Empresa de Pesquisa Energética, vinculada ao Ministério de Minas e Energia. Uma irmã de Erenice, Maria Euriza, era funcionária do órgão e autorizou, em agosto de 2009, a contratação, sem licitação, do escritório, cujo um dos sócios era um irmão delas, Antônio Alves Carvalho. A CGU afirma que ele entrou oficialmente na sociedade só em novembro. Só que o advogado Márcio Silva, um dos sócios do escritório, informara por escrito ao Estado que o irmão de Erenice era sócio desde fevereiro do ano passado. Márcio Silva, aliás, é o advogado de campanha de Dilma.

A CGU revela que a própria Erenice já foi do quadro societário dessa banca. a auditoria admite falhas no processo de contratação sem licitação, mas minimiza o episódio, fazendo apenas recomendações.