Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Honoráveis bandidos

Quarta, 22 de setembro de 2010
Por Vicente Vecci

Vamos supor que habitamos um país cheio de disparates que afetam sua população. Os políticos elaboram diversas leis que não são cumpridas e quando são, possuem flexibilidade que permitem diversos recursos nos tribunais, favorecendo os criminosos, ocasionando até a impunidade. Muitos crimes constantes nessas leis não são denunciados. Isso porque existem nesse país a omissão governamental e das suas instituições encarregadas da segurança pública e do patrimônio.

Por outro lado a sociedade civil às vezes temendo represálias, torna-se omissa dando vantagem aos criminosos que insistem em praticar tais delitos, pois encontram terreno fértil nessa falha. O resultado disso tudo é o império da desordem onde proliferam o tráfico de drogas e o crescimento da população de viciados, em sua maioria jovens.

O dinheiro dessa nação que deveria também fomentar a profissionalização e geração de emprego dessa juventude corrompida, tem sido afanado por titulares de órgãos governamentais em proveito próprio e de seus familiares que constroem com o erário grandes feudos patrimoniais nos estados. São acintosos enriquecimentos ilícitos às vistas dos contribuintes e das pseudas autoridades. São os verdadeiros honoráveis bandidos. Quando são levados aos tribunais  protelatórios, a rica fortuna que possuem  ajuda a subornar   suspeitas autoridades judiciárias e saem livres das acusações e o dinheiro não é devolvido aos cofres públicos. Isso graças a determinados  e famosos advogados que atuam mais  na função de corretores que amealham sentenças  no judiciário, conseguindo absolvição para seus clientes. Aqueles que praticam por questão da fome e da sobrevivência  um furto de um alimento ou outro pequeno  objeto, são presos e condenados injustamente, penalizando nos cárceres superlotados. Não podem pagar “ os corretores das sentenças”.

E no  legislativo surgem  outros espectros  que atuam em favorecimento a determinadas elites econômicas financiadores das campanhas  eleitorais dos parlamentares que elaboram leis  beneficiando seus patrocinadores. Surgem normas  que  vão  afetar o Meio Ambiente e outros setores. Esses espectros  nesse país são conhecidos como lobistas e  agenciam junto aos parlamentares leis favoráveis   aos seus  patrões em detrimento da população majoritária. Esquecem de trabalhar  para quem os elegeram.  E para encobrir  essas disparidades  usam a velha  tática  de dar circo ao povo, uma vez entretidos com os espetáculos esquecem  as colheitas  efetuadas pelas afiadas unhas da corrupção.

Vultosos recursos  que podem chegar a 8 bilhões de reais e  que dariam para construir em todo  o país  modernos centros hospitalares públicos, são empregados para construir os palcos  de um espetáculo que vai durar um pouco mais de 30 dias, depois  viram “ elefantes brancos” com pouco utilidade.

Daí de tanto ver triunfar essa disparidade, cidadãos íntegros e preocupados com o bem comum se mobilizam e conseguem quase 2 milhões de assinaturas e elaboram uma lei da vontade popular que foi apresentada e aprovada pelo Legislativo e depois sancionada pelo Executivo desse país, visando sanear a classe política nas eleições, evitando a continuidade desses males. Resta agora o topo do Judiciário dar respaldo à sublime manifestação popular, caso contrário pode ocorrer nessa  nação a  soltura da serpente da revolta e nascer organizações de combate violento à corrupção, quem sabe alguma denominada CCC-Comando de Caça aos Corruptos.
N.A.-Qualquer semelhança desse país com o Brasil poderá ser mera coincidência.
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O jornalista Vicente Vecci é editor do Jornal do Síndico.