Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Novas linhas de ataque da oposição

Sexta, 19 de novembro de 2010 
Por Ivan de Carvalho
    Pela segunda vez depois da fácil reeleição do governador Jaques Wagner em primeiro turno – enfrentando vários candidatos, dentre eles o ex-governador Paulo Souto, do Democratas e o deputado e ex-ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, do PMDB – a oposição encontrou fatos novos para atacar o governo baiano.

    Fatos anteriores ou permanentes não são raros. É o caso da violência e da criminalidade que, esteja ou não o governo fazendo os esforços anunciados, continua fora de controle. Ou da educação, cuja qualidade do ensino público, no grau sob responsabilidade legal do estado (ensino do segundo grau), continua péssimo. Aliás, a mesma qualidade pode ser atribuída ao ensino fundamental, de responsabilidade dos municípios.
   Não é um fenômeno exclusivamente baiano, pois atinge quase todo o território nacional, devendo-se aí ressalvar os três Estados da região Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) e talvez São Paulo. Não que estejam os ensinos fundamental e de segundo grau desses estados às mil maravilhas – e em São Paulo as deficiências são maiores que nos três estados sulinos. Mas no restante do país é uma vergonha e a Bahia não foge à regra. É certo que o atual governo estadual já encontrou uma situação crítica no setor, mas também é certo que ela continuou assim nos últimos quatro anos.

   Também é crítica, mais do que isto, um desastre – já era há vários anos e continua cada vez pior – a situação no setor público de saúde. Isso também ocorre na maior parte do Brasil, embora de forma bastante atenuada (se comparamos, por exemplo, ao Nordeste) em São Paulo e nos três Estados do Sul.

   Mas citei os setores da segurança, da educação e da saúde para mostrar que motivos para críticas contínuas não têm faltado desde sempre à oposição, inclusive nos tempos em que o PT, hoje no governo, era oposição. Vamos, no entanto, aos dois fatos novos a que me referi.

   Um deles mereceu (creio que mereceu mesmo) críticas, recentemente, e convém que a oposição continue atenta ao assunto, pois se o governador Wagner tem atuado como um democrata, seu partido e aliados têm setores que se pautam pela democracia e outros, muito influentes, que não têm em conta a democracia como um valor relevante, e sim como instrumento a ser eventualmente usado, se convém, para atingir outros objetivos.

   Daí que a oposição cumpriu seu papel – e não deve abandoná-lo – quando atacou os estudos oficiais visando à criação de um Conselho Estadual de Comunicação, destinado a monitorar a mídia e tomar outras providências. Providências que são como já foram no passado as CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito): sabia-se como começavam, mas nunca se sabia como terminariam.

   Ontem, a oposição encontrou uma nova motivação para atacar. E o ataque veio pelas vozes do deputado estadual João Carlos Bacelar, do PTN e dos democratas deputados ACM Jr. e José Carlos Aleluia, este vice-presidente nacional do DEM. Criticaram o fato de a Bahia haver caído, segundo o IBGE, da sexta para a sétima posição em termos de Produto Interno Bruto (tamanho da economia) entre os Estados brasileiros. Foi superada por Santa Catarina, que vinha ensaiando a ultrapassagem há algum tempo. Em um tempo mais remoto, ninguém imaginaria que isso pudesse acontecer. Aliás, segundo Aleluia, parafraseando o presidente Lula, “nunca antes na história deste país a economia baiana ficou atrás da economia de Santa Catarina”.

Aleluia aconselha cuidado para não ser a Bahia ultrapassada no próximo quatriênio também por Pernambuco e Ceará.
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Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta sexta.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.