Terça, 26 de abril de 2011
O governo de Dilma anunciou hoje (26/4) o superávit primário
do governo central —Tesouro
Nacional, Previdência Social e Banco Central— no primeiro trimestre de 2011.
Foi de R$25,874 bilhões, superando em R$3 bilhões a meta prevista.
O superávit primário, coisa que
só existe no Brasil, e que se presta unicamente para pagar os juros (juros,
juros e mais juros) da dívida pública, isto é, a encher as “burras” dos
rentistas (banqueiros nacionais e internacionais), sangra a economia do país,
retirando dinheiro da saúde, da educação, da segurança, dos investimentos, da
Previdência. A Polícia Federal, por exemplo, perdeu 35% do seu orçamento, o que limitará radicalmente suas operações, o que significará festa nas quadrilhas de bandidos. Tanto dos marginais comuns como dos marginais de colarinho-branco.
Para se ter a idéia da fome cada vez maior dos rentistas e
da colaboração dos governantes, o crescimento desse troço chamado superávit
primário foi de R$17,7 bilhões em comparação ao mesmo período de 2010. De
janeiro a março do ano passado o superávit primário, que o governo chama de
esforço fiscal —e que representa o arrocho das contas públicas que não seja
para pagar juros e dívida — foi de R$8,1 bilhões. Cresceu em 2011 para os tão
aplaudidos R$25,874 bilhões.
Explica o governo que essa
elevação do superávit primário decorreu de um esforço fiscal no primeiro
trimestre de 2011 que segurou o aumento das despesas em apenas 7,1%, enquanto a
receita líquida tributária crescia 17,1%. Arrocho nas despesas e aumento da
arrecadação penalizando, claro, o cidadão, que viu, por exemplo, os serviços
públicos de saúde se deteriorarem ainda mais.
E esse arrocho todo valeu a pena?
Claro que não. Valeu a pena somente para a banqueirada. Para se ter uma idéia
da encalacrada situação brasileira frente à dívida pública, de primeiro de
janeiro até ontem (25/4) foram pagos R$48,725 bilhões só de juros e encargos da
dívida. Isso significa que todo o esforço fiscal para juntar dinheiro para
pagamento dos juros da dívida representou apenas 53,25% dos juros (falei apenas
juros) pagos. O valor que não pode ser pago, pois não sobrou mais dinheiro, foi
“rolado”, aumentando o montante da dívida e, por conseguinte, os juros a serem
pagos mais adiante.
Até está segunda (25/4) só de amortização e refinanciamento da dívida os gastos já alcançaram os R$214,924
bilhões. Com mais os R$48,725 bilhões de juros efetivamente pagos, chegamos a
imoral soma de R$263,649 bilhões. Resumindo, todo o superávit primário deu
apenas para pagar 9,181% dos gastos da dívida no primeiro trimestre de 2011.
E o governo Dilma, como o de Lula
e anteriormente o do “sociólogo” FHC, nada faz de concreto para solucionar o
problema da dívida. Nem sequer se fez a auditoria da dívida, coisa que
consta das Disposições Transitórias da nossa Constituição de 1988 —e que é um primeiro passo para equacionar
o problema. Lá se vão aí 23 anos de omissão dos
governantes e do Congresso.