Sexta, 15 de abril de 2011
Da "Auditoria Cidadã da Dívida"
O portal de notícias do Congresso Nacional da Argentina divulga o
evento realizado hoje pelo bloco de parlamentares “Proyecto Sur”, para
impulsionar as auditorias das dívidas na América Latina. O coordenador
do bloco, deputado Pino Solanas, convocou os parlamentares e dirigentes
do continente a “buscar soluções alternativas à crise econômica, e
propor, tal como se fez exitosamente no Equador, uma auditoria da dívida
que permita estabelecer um novo marco de negociações”.
Também
participaram do evento a Coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida,
Maria Lucia Fattorelli, e o Deputado Federal Ivan Valente (PSOL/SP),
proponente da CPI da Dívida, recentemente concluída na Câmara dos
Deputados. Os representantes do Brasil mostraram no evento esta recente
experiência brasileira, de modo a subsidiar o atual processo de
instalação de uma CPI da Dívida também no Parlamento Argentino.
Já
no Brasil, apenas agora o governo parece ter reconhecido que somente a
queda dos juros é capaz de frear o movimento de valorização da moeda
nacional, conforme já apontado há anos por este boletim. Conforme mostra
o jornal Valor Econômico, “A presidente Dilma Rousseff está
convencida que não há como evitar a valorização do real frente ao dólar
enquanto não houver condições de reduzir os juros internos, que atraem
capitais estrangeiros em busca de ganhos de arbitragem, contribuindo
para a apreciação da moeda nacional.”
Por outro lado, o
governo insiste em manter a atual política de juros altos, alegando que
seria necessária a realização de um grande ajuste fiscal para que,
posteriormente, houvessem condições para a queda dos juros. Porém, o
Brasil já aplica esta política de ajuste há mais de uma década, e
continuamos com a maior taxa de juros do mundo, e que deve subir ainda
mais.
Outros exemplos de contradição entre o discurso e a prática
do governo brasileiro foram vistos na reunião dos países denominados
“Brics” (Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul), quando os
presidentes defenderam a substituição do dólar como moeda internacional,
a reforma das instituições multilaterais como o FMI, e o controle sobre
o fluxo de capitais, conforme mostra o Portal G1.
À primeira
vista, seriam propostas importantes, que poderiam alterar radicalmente o
atual sistema financeiro internacional, onde os EUA possuem o
privilégio de imprimir a moeda que é aceita no mundo todo, e onde as
instituições financeiras multilaterais defendem os interesses dos
rentistas, que possuem total liberdade para movimentar seus recursos.
Porém,
na prática, o governo brasileiro, ao manter a política de juros
altíssimos, continua atraindo uma enxurrada de dólares dos especuladores
que chegam sem restrição, que são comprados pelo Banco Central, que por
sua vez os aplica principalmente em títulos do Tesouro dos EUA,
fortalecendo o dólar como moeda internacional.