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(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Investigando o apagão

Quinta, 19 de maio de 2011 
Por Ivan de Carvalho
O Ministério Público Federal acolheu o pedido de investigação encaminhado pelo deputado federal Antonio Imbassahy, presidente da seção baiana do PSDB, e determinou a instauração de inquérito civil para apurar as causas e fixar as responsabilidades no caso do apagão que, na noite do dia 3 e madrugada do dia 4 de fevereiro atingiu, por várias horas, com um restabelecimento progressivo da energia elétrica, oito Estados do Nordeste – Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Ceará, Rio Grande do Norte e Piauí.

           Como se recorda, na ocasião soube-se (sem que isso impedisse os desmentidos e as desconversas de sempre) que a presidente da República, Dilma Rousseff, foi avisada do desastre e telefonou para o ministro de Minas e Energia, Edson Lobão – que a sono solto dormia, naturalmente sonhando com cordeirinhos pulando a cerca para dentro do seu quintal – para saber melhor do que se tratava e determinar que fizesse alguma coisa, já que até ali, fala-se, roncava.

            A partir daí começaram a surgir hipóteses sobre as causas do incidente, predominando as hipóteses negativas, nenhuma, entretanto, mais negativa do que o próprio incidente. Negou-se inicialmente a hipótese de queda na geração de energia. Nem pensar. Toda a energia que devia ser gerada continuou sendo gerada normalmente.

Negou-se em seguida e sem demora que não ocorreu qualquer acidente com a rede de transmissão. Isso é uma coisa importante, pois esses apagões repentinos quase sempre são explicados com uma acusação às linhas de transmissão, ou melhor, aos raios que as partem. Um raio cai numa linha de transmissão, sempre o alvo prioritário (ou numa subestação, alvo alternativo) e pronto. Também foi descartada, como se fosse ou como sendo uma espécie de bobagem, a hipótese de que o apagão poderia ter sido provocado por um ataque cibernético, algum vírus da escuridão infiltrado nos computadores da Chesf.

Também vale registrar que no Brasil ainda não surgiu, como nos Estados Unidos, a hipótese não oficial, mas sobre a qual pesquisadores especializados – os ufólogos – insistem de que apagões podem ser provocados por naves alienígenas. Há o famoso caso do apagão que, há anos, atingiu praticamente toda a costa leste dos Estados Unidos durante duas horas e deixou o país estupefato.

Até hoje o incidente não foi satisfatoriamente explicado pelo governo, mas os testemunhos de que luzes estranhas ou naves iluminadas foram vistas sobrevoando as cataratas do Niágara (um das fontes cruciais de energia elétrica, principalmente na época em que o fato ocorreu) foram muito convincentes. As autoridades americanas, no entanto, negam, mas isto seria mesmo previsível, pois elas (como a de quase todos os países) negam tudo que se refira à presença de ETs na Terra.

Bem, o governo, por intermédio do diretor de Operações da Chesf, Mozart Bandeira Arnaud, deu como causa do apagão no Nordeste uma falha no sistema de controle e proteção do circuito eletrônico da subestação Luiz Gonzaga, em Jatobá, um município pernambucano. Note-se: uma coisa bem miudinha. Aliás, duas: a autoridade que fornece a explicação e a causa do apagão.

Creio que existe excelente justificação para o deputado Imbassahy, ex-presidente da Eletrobrás, pedir a investigação e para o Ministério Público Federal iniciá-la, em um esforço que talvez ajude os cidadãos a saírem das trevas a respeito das causas, imediatas e mediatas, desse apagão.

Mas, ah, se foi disco voador (ou se acontecer algum apagão em que seja algum UFO a causa) nem o MPF vai revelar. Arquiva-se o inquérito, por “absoluta falta de provas”.
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Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta quinta.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.
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                                                                     Foto: CTCRio Preto