Terça, 3 de abril de 2011
Da Agência Brasil
Renata Giraldi - Repórter
O coordenador de Comunicação e Informação da Organização das
Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) no Brasil e
pesquisador da área de mídia, Guilherme Canela, alertou hoje (3) que o
jornalismo é uma das profissões mais perigosas do mundo. Segundo ele, é
necessário instituir ações mundiais que garantam a segurança necessária
para os profissionais de imprensa poderem trabalhar.
Canela lembrou que os jornalistas estão mais ameaçados em ambientes de
conflitos, como os embates que ocorrem nos países do Oriente Médio e
Norte da África, como Líbia e Síria. Em entrevista durante a manhã ao
programa Revista Brasil, da Rádio Nacional, ele disse que há riscos não só em ambientes de guerra, mas também nas regiões em que a democracia não está consolidada.
“Os riscos não só [envolvem] o assassinato de jornalistas, mas existem
uma série de outros riscos que precisam ser discutidos”, afirmou ele,
citando, como exemplo, a ausência de “proteção do indivíduo jornalista
que faz [uma determinada] cobertura”. O pesquisador lembrou ainda que a
ameaça é maior quando o profissional busca o “oculto”. “Em muito lugares
do mundo, o jornalismo é uma profissão de muitos riscos, novos e
velhos”, afirmou.
Canela lembrou o assassinato do jornalista pernambucano Luciano Leitão
Pedrosa, de 46 anos, que morreu no começo de abril depois de colocar no
ar uma série de reportagens sobre grupos de extermínio, na região de
Vitória de Santo Antão. Para ele, é fundamental estabelecer o fim da
impunidade, assim como aumentar as garantias de segurança para os
profissionais.
O pesquisador disse ainda que a “segurança do profissional de
jornalismo em coberturas de risco” é um tema sempre presente na agenda
Unesco. Canela foi um dos palestrantes da seminário A Mídia do Século
21: Novas Fronteiras, Novas Barreiras, que ocorreu no Instituto Rio
Branco, em Brasília.