Sábado, 29 de outubro de 2011
Da revista ÉpocaUma investigação da polícia mostra que o governador de Brasília ajudou um PM a fraudar provas para se defender de denúncias de desvio de recursos
Orlando Silva perdeu o cargo de ministro do Esporte, na semana passada,
abalado por denúncias de desvio de dinheiro. Seu substituto, Aldo
Rebelo, também do PCdoB, recebeu do Palácio do Planalto a missão de
moralizar a pasta. Para a Justiça, no entanto, a questão é outra. Nos
próximos dias, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) receberá um processo
com nove volumes e quatro apensos, que corre na 10ª Vara Federal, em
Brasília. As informações, a que ÉPOCA teve acesso, mostram que o
governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), antecessor de
Silva, é suspeito de ter se beneficiado das fraudes.
O conjunto contém gravações, dados fiscais e bancários, perícias
contábeis e relatórios de investigação. As peças da ação penal vistas
por ÉPOCA incluem o relatório nº 45/2010, que contém os diálogos
captados em interceptações telefônicas, com autorização judicial, feitas
entre 25 de fevereiro e 11 de março do ano passado. As conversas
mostram uma frenética movimentação de Agnelo Queiroz e do policial
militar João Dias para se defender em um processo. Diretor de duas ONGs,
Dias obteve R$ 2,9 milhões do programa Segundo Tempo para ministrar
atividades esportivas a alunos de escolas públicas. Nas conversas, Dias
quer ajuda para acobertar desvios de conduta e de dinheiro público. Ele
busca documentos e notas fiscais para compor sua defesa em uma ação
cível pública movida pelo Ministério Público Federal. O MPF cobra de
Dias a devolução aos cofres públicos de R$ 3,2 milhões, em valores
atualizados, desviados do Ministério do Esporte.