Segunda, 31 de outubro de 2011
Falta dinheiro para aplicar na saúde, na
educação, na segurança, no saneamento básico, na construção e manutenção de
estradas etc. O que os governos não se envergonham, nem sequer coram, é de retirar
dinheiro que salvaria a vida de milhares de brasileiros para pagar os
indecentes juros que pagamos —nós brasileiros— aos banqueiros estrangeiros e
nacionais.
Só em setembro deste ano foram “economizados”
(é assim que eles falam) mais de oito bilhões de reais para pagar juros da
dívida. Essa dinheirama deixou de ser aplicada nas atividades fins do Estado. É
aquela safadeza do tal “superávit primário”, coisa existente só no Brasil que,
infelizmente, não trata sua dívida, nem seu povo, como deveria fazê-lo. O
superávit primário se presta exclusivamente para pagar juros (apenas juros) da
dívida. O governo de Dilma contribuiu com a sangria das áreas prioritárias para
o povo, com R$5,982 bilhões. Isso em setembro. Já os governos estaduais e
municipais deixaram de aplicar R$2,161 bilhões em saúde, educação, saneamento básico,
moradia, segurança etc. para “reservar” esse dinheiro para encher as burras dos
especuladores financeiros.
Como dito acima, o povo
brasileiro viu R$8 bilhões que deveriam ser usados para o seu benefício, serem
reservados para pagamento de juros da dívida. E o pior, essa sangria de R$8
bilhões não foi sequer suficiente para saciar a fome da banqueirada.
Faltaram ainda R$9 bilhões que, assim, se somam a novos empréstimos e que vão
gerar ainda mais juros. Isso somente no mês de setembro.
De janeiro a setembro deste ano,
portanto em nove meses, o tal “superávit primário” foi de R$104,6 bilhões. Já
os gastos com juros (tão somente juros) superaram os R$177,47 bilhões, representando um déficit de
R$72,9 bilhões, déficit que será acrescido à dívida e, conseqüentemente, também aos juros.
Para ver o tamanho da coisa, os
R$177,47 bilhões gastos com juros nesses nove primeiros meses de 2011
representa um gasto diário (isso mesmo, diário) de R$385 milhões de reais. Note
que isso é apenas o gasto com juros, sem contar com as amortizações.
Os jornais, as emissoras de TV e
rádio quase todas as semanas, quando não em cada dia, enchem seus espaços com comentários
de “especialistas em contas públicas” que são, na realidade,
empregados ou “consultores” de banqueiros, portanto defendem normalmente
posições que são as dos seus patrões. Interessante é que essa situação funcional
dos “especialistas” não é esclarecida aos leitores ou ouvintes. Defendem eles, os
“especialistas” e “consultores”, o arrocho dos gastos e investimentos públicos.
Gastos com servidores devem ser, segundo tais falsos especialistas, achatados,
flexibilizados, cortados. Defendem, no fundo, a redução da estrutura do Estado,
que é aquela que presta assistência à saúde, segurança, educação, moradia,
previdência etc. E isso para quê? Para que cada vez mais sobre dinheiro para
abarrotar as burras de seus patrões, dos banqueiros, dos grandes especuladores
financeiros. Não é sem razão que o Brasil é, desde o governo FHC, pelo menos, passando
pelos dois períodos de Lula e agora o primeiro ano de Dilma, o grande campeão mundial
de juros altos. O país (o povo, na realidade) que paga os mais escorchantes
juros sobre a dívida.
E a auditoria da dívida
brasileira, determinada pela Constituição de 1988, continua sem acontecer,
chegue ao poder governos mais ou menos à direita.
Enquanto isso, continuamos a ser
o paraíso do capital especulativo.
Comentário do Gama Livre
Comentário do Gama Livre