Sábado, 3 de dezembro de 2011
Manifestação praticamente paralisa a capital
belga. Centrais sindicais criticam “austeridade cega”, que “não é
inevitável” e que só irá “agravar o problema”. Plano de cortes de 11 mil
milhões de euros anunciado pelo novo governo que toma posse na próxima
semana.
Manifestação praticamente paralisou Bruxelas. Foto de EPA/ERIC LALMAND
Cerca de 52 mil trabalhadores, segundo a polícia, e 80 mil, segundo os
sindicatos, manifestaram-se esta sexta em Bruxelas, convocados por uma
frente de centrais sindicais, contra as medidas de austeridade
anunciadas pelo novo governo de coligação que deve assumir no início da
próxima semana.
“Não à austeridade cega! Temos alternativas!”, dizia a faixa que abria a manifestação.
O novo governo liderado pelo socialista Elio Di Rupo, apoiado por uma
coligação de seis partidos de direita, centro e esquerda, já anunciou um
plano de cortes orçamentais com uma redução de 11 mil milhões de euros
em 2012, com o argumento de “tranquilizar os mercados”. A agência de
notação Standard & Poors rebaixou recentemente o rating da Bélgica
de AA+ para AA
Os sindicatos consideram os cortes desequilibrados, não fazendo pagar
pela crise os seus responsáveis, e em primeiro lugar os banqueiros.
Paraíso fiscal para os mais ricos
“A Bélgica tornou-se um paraíso fiscal para os mais ricos e um inferno
fiscal para os que se levantam cedo”, disse Anne Delemenne, secretária
geral da central socialista FGTB (Federação Geral do Trabalho da
Bélgica).
Victor Fetteweis, da central cristã CSC, disse que o plano do governo é
um grande passo atrás: “Queríamos um imposto sobre as fortunas, não
para provocar a fuga de capitais, mas porque o exemplo deve vir de
cima”.
Os sindicalistas encontram-se ainda esta sexta com o primeiro-ministro
indigitado. “Vamos dizer-lhe que é absolutamente necessário iniciar uma
concertação”, diz Claude Rolin, secretário-geral da CSC. “Não é com
ataques aos desempregados e beneficiários dos rendimentos sociais que
vamos sair da crise, mas sim colocando o emprego no centro de todas as
prioridades.”
Fonte: esquerda.net