Domingo, 4 de dezembro de 2011
Da revista Época
Os arquivos secretos da Marinha revelam como o serviço secreto americano mantinha informantes infiltrados entre os comunistas brasileiros
LEONEL ROCHA, EUMANO SILVA E LEANDRO LOYOLA
Nos tempos da Guerra Fria, a atuação agressiva dos serviços secretos
era um meio de ultrapassar as fronteiras da “cortina de ferro”,
expressão usada para designar a divisão do mundo em áreas de influência
dos Estados Unidos e da extinta União Soviética. Espiões infiltrados em
governos, partidos e grupos armados tiveram participação determinante em
muitos fatos históricos daquele período. A aura de mistério em torno
dos agentes secretos criou mitos e inspirou o cinema e a literatura
policial. Esse ambiente que mistura lendas e segredos de Estado forneceu
farto material para denúncias e especulações sobre a influência da
Central Intelligence Agency (CIA), o serviço secreto dos Estados Unidos,
em acontecimentos relacionados à ditadura militar instalada em 1964.
Os arquivos secretos da Marinha obtidos com exclusividade por ÉPOCA
ajudam a entender a nebulosa relação dos governos militares brasileiros
com a agência de espionagem americana. Esta segunda reportagem sobre o
conteúdo de mais de 2 mil páginas produzidas pelo Centro de Informação
da Marinha (Cenimar) torna públicos, pela primeira vez, documentos da
ditadura que comprovam o envolvimento direto de agentes da CIA em fatos
ocorridos no Brasil antes e depois do golpe de 31 de março. Nos arquivos
do Cenimar, a que ÉPOCA teve acesso, aparecem descritos dois casos de
aliciamento de militantes do Partido Comunista Brasileiro (PCB), o
“Partidão”, pela CIA.