Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Dilma: "não é hora de dar aumento salarial para categoria nenhuma"

Sexta, 16 de dezembro de 2011
Da "Auditoria Cidadã da Dívida"
O Portal G1 mostra a declaração da Presidente Dilma, de que “não é hora de dar aumento salarial para categoria nenhuma", sob o argumento de que há “um processo de crise que o Brasil se fragilizaria se começássemos a gastar sem controle".

Porém, conforme mostra o “Dividômetro” da Auditoria Cidadã da Dívida, neste ano (até 14/12) já foram gastos R$ 655,7 bilhões com juros e amortizações da dívida pública federal, quantia esta equivalente a mais que o triplo de todos os gastos com pessoal no mesmo período.
Portanto, o verdadeiro gasto “sem controle” não é o gasto com pessoal, mas o gasto com a questionável dívida pública, que deveria ser auditada, conforme prevê a Constituição.

Não é por acaso que a população rejeita a política econômica de Dilma, conforme pesquisa CNI/IBOPE, divulgada pelo jornal Estado de São Paulo:

Em relação à política de impostos, foram 66% os que disseram desaprovar a atuação do governo na área, enquanto somente 26% aprovam. Na questão da taxa de juros, são 56% os que desaprovam e 33% os que aprovam. No combate à inflação, 52% dos entrevistados não concordam com a política do governo e 39% apoiam.”

Ou seja: tanto a política de juros como a política de combate à inflação são rejeitadas pela população que, portanto, discorda do tradicional discurso neoliberal – propalado pela grande imprensa – de que as taxas devem ser altas para segurar os preços.

O resultado desta política é o corte de gastos sociais para permitir o pagamento de uma dívida que cresce devido ao mecanismo de “juros sobre juros”. Não por acaso, a política de saúde é reprovada por 67% da população, a de educação por 51%, e a segurança por 60%.

Até mesmo no quesito “política de emprego” – bastante propagandeado pelo governo – o percentual de reprovação é maior que o de aprovação. O mesmo ocorre com a área de meio ambiente.

Ao mesmo tempo em que diz não dispor de recursos para os servidores públicos, o governo manifesta a intenção de colocar mais dinheiro ao FMI, sob o argumento de que isso daria mais poder ao Brasil no Fundo, conforme mostra outra notícia do Estado de São Paulo. Porém, cabe questionarmos qual seria o benefício disso, considerando que o próprio governo brasileiro tem defendido e praticado as políticas recomendadas por esta instituição, tais como o ajuste fiscal e as privatizações.

Neste tema, o jornal O Globo mostra que os aeroportos de Guarulhos, Brasília e Viracopos serão privatizados para gestores estrangeiros em um leilão dia 6/2/2012, na Bolsa de Valores de São Paulo. Novamente, nota-se o mesmo falso discurso da chamada “privataria” ocorrida desde os anos 90: que o Estado não dispõe de recursos para manter as estatais – sendo melhor destinar tais recursos para o pagamento da dívida – e que a privatização irá melhorar os serviços prestados à população.

Um exemplo desta falácia ocorreu mais uma vez hoje, no sistema de trens urbanos do Rio de Janeiro, privatizado desde 1998. O Portal G1 mostra que problemas técnicos em um trem paralisou o sistema, forçando as pessoas a saírem dos trens superlotados e caminharem pelos trilhos:

Mais uma pane em trens da Supervia, concessionária que administra os trens urbanos no Rio de Janeiro, provocou hoje (16) tumulto, protestos, depredações e confrontos entre policiais e passageiros que ocuparam as linhas da via férrea em três estações na zona norte e no subúrbio da cidade. Pelo menos três pessoas ficaram feridas e cinco foram detidas pela polícia. A PM usou cassetetes e spray de pimenta para dispersar os manifestantes.”

Este é o verdadeiro resultado das privatizações.