Quarta, 21 de dezembro de 2011
Da Agência Brasil
Wellton Máximo - Repórter
A emissão de títulos e a alta do dólar fizeram a Dívida
Pública Federal (DPF) subir 1,49% em novembro. De acordo com dados do
Tesouro Nacional, o estoque da DPF passou de R$ 1,806 trilhão em outubro
para R$ 1,833 trilhão no mês passado.
A dívida pública mobiliária (em títulos) interna subiu 1,15%, passando
de R$ 1,732 trilhão para R$ 1,752 trilhão. Isso ocorreu porque o Tesouro
emitiu R$ 3,38 bilhões em títulos a mais do que resgatou. A alta também
foi impulsionada pela incorporação de R$ 16,61 bilhões em taxas de
juros.
O reconhecimento de juros ocorre porque a correção que o Tesouro se
compromete a pagar aos investidores (que emprestam dinheiro para que o
governo possa rolar a dívida) é incorporada gradualmente ao valor
devido. No caso de um investidor que comprou um título por R$ 100 com
correção de 12% ao ano, ele receberá R$ 964 ao final de 20 anos. Essa
diferença é incorporada mês a mês ao total da dívida pública.
Assim como em outubro, a alta do dólar voltou a pressionar a dívida
pública externa em novembro. De acordo com o Tesouro, a valorização de
7,25% da moeda norte-americana diante do real fez a dívida subir 9,45%,
encerrando novembro em R$ 80,93 bilhões, contra R$ 73,94 bilhões
registrados no mês anterior. A dívida externa também subiu por causa de
um lançamento de US$ 1 bilhão em títulos no mercado internacional no
início de novembro.
O lançamento de títulos prefixados (com juros definidos
antecipadamente) fez a participação desses papéis na dívida interna
subir de 35,84% em outubro para 36,97% em novembro. A fatia dos títulos
vinculados à taxa Selic (taxa de juros básicos da economia) caiu de
33,46% para 33,12%. A participação dos títulos corrigidos pela inflação
também caiu, passando de 30,26% para 29,51%.
A parcela da dívida interna vinculada ao câmbio ficou praticamente
estável, registrando 0,4% no mês passado, contra 0,44% em outubro. Esses
números levam em conta o swap cambial pelo Banco Central (BC),
operações de venda de dólar no mercado futuro que têm impacto na dívida
pública. Desde setembro, o BC retomou essas operações para conter a
disparada do dólar após o agravamento da crise econômica nos Estados
Unidos e na Europa.
Com a taxa definida com antecedência, os títulos prefixados são
preferíveis para o Tesouro Nacional porque dão maior previsibilidade à
administração da dívida pública. Em contrapartida, os papéis vinculados à
Selic representam mais risco porque pressionam a dívida para cima em
ciclos de alta dos juros básicos.
O prazo médio da DPF apresentou leve melhora, aumentando de 3,64 anos
em outubro para 3,65 anos em novembro. O Tesouro Nacional não divulga o
resultado em meses, apenas em anos. A participação dos vencimentos nos
próximos 12 meses caiu de 23,74% para 22,73%. Prazos mais longos são
favoráveis para o Tesouro porque dão ao governo mais tempo para planejar
e executar as operações de renegociação (rolagem) da dívida pública.
Por meio da dívida pública, o governo pega emprestado recursos dos
investidores para honrar compromissos. Em troca, se compromete a
devolver os recursos com alguma correção, que pode ser definida com
antecedência, no caso dos títulos prefixados, ou seguir a variação da
taxa Selic (juros básicos), da inflação ou do câmbio.