Sábado, 3 de dezembro de 2011
Da Agência Brasil
Brasília - A realização do 56° Mundial de Patinação Artística, de 14 a
27 de novembro, mostrou que a capital do Distrito Federal (DF) ainda não
está preparada para organizar eventos esportivos internacionais. As
delegações de 37 países que participaram do campeonato enfrentaram
problemas com o local da competição que atrapalharam o desempenho dos
patinadores. A cidade que vai sediar jogos da Copa das Confederações, em
2013, e da Copa do Mundo, em 2014, não soube preparar o Ginásio Nilson
Nelson para o evento.
“Fiquei surpreso com o pouco tempo para montar a estrutura para um
evento como esse, a pista é maravilhosa, mas aí choveu, teve uns
problemas de goteira e os próprios atletas tiveram que ajudar a colocar
baldes de água, e isso pegou um pouco mal. Outra coisa que deixou a
desejar foi a abertura, a gente sabe que não teve um tempo adequado para
treinar o pessoal [que fez parte da abertura] o suficiente, mas
comparando com outros países, a gente sabe que o nível poderia ter sido
melhor, uma atleta americana com a qual eu falei disse que achou tudo um
pouco descoordenado”, declarou o patinador da equipe brasileira na
categoria senior, Henrique Pamplona.
A patinadora Maristela Mendonça também reclamou do estado do ginásio
que, com a chuva, ficou alagado por causa das goteiras, e, no dia
seguinte, o excesso de mosquitos atrapalhou o andamento das disputas.
“Eu achei muito ruim o que aconteceu, os mosquitos atrapalharam o
desempenho de um atleta italiano que teve que parar a apresentação para
pedir que o piso fosse limpo”, disse a atleta.
A técnica da delegação argentina Gabriela Montechiari disse que as
goteiras atrapalharam o desempenho dos patinadores, reclamou do calor,
mas elogiou a hospitalidade das pessoas. “Soube do incidente com a
goteira por meio de outros atletas, o calor aqui também está um pouco
intenso, mesmo assim estou muito feliz de estar aqui participando desse
Mundial, estou sendo muito bem tratada, os brasileiros são muito
amáveis”, declarou a técnica argentina à Agência Brasil.
A falta de recursos para fazer o evento foi, para o técnico de
patinação do Clube Passo a Passo do Rio Grande do Sul, Leandro Dias, a
principal causa dos problemas ocorridos durante a competição. Ele cobrou
mais atenção das autoridades pelo esporte. “A estrutura está muito boa,
mas acredito que a falta de verbas atrapalhou o evento que poderia
estar melhor, o calor aqui atrapalha o desempenho do atleta. Soube do
que aconteceu no ginásio por conta da chuva que ocasionou em goteiras.
Com tantas medalhas que foram trazidas por atletas nesse esporte no
Pan-Americano, acho que seria o momento do governo enxergar a patinação
com mais carinho, porque outros esportes de massa não têm trazido tantos
resultados positivos”, disse.
Apesar dos problemas que prejudicaram a qualidade do evento, o
presidente da Federação Brasiliense de Hóquei e Patinação, Lúcio
Rezende, declarou que o Ginásio Nilson Nelson passou pela fiscalização
do Comitê Internacional de Patinação, que aprovou o local para a
realização do campeonato mundial. Segundo ele, o presidente do comitê,
James Pollard, que acompanhou as competições, quando esteve em Brasília
para verificar as condições do ginásio, gostou do ginásio.
Rezende explicou ainda o problema com os mosquitos que levou um
patinador a interromper a sua apresentação. “Eram mosquitos de luz, que
apareceram à noite, e pelo piso ser branco e haver o reflexo da luz,
então eles aparecem e isso atrapalha quando há uma quantidade grande.
Houve um caso de um atleta que parou a apresentação e pediu para que o
piso fosse limpo”.
O subsecretário de Esporte e Lazer do Distrito Federal, Luís Carlos, procurado pela Agência Brasil,
disse que a falta de logística da Confederação Brasileira de Hóquei e
Patinação na organização do campeonato pode ter contribuído para que
esses tipos de falhas ocorressem. “Quando sedia-se um evento desse, deve
ser feito antes uma logística. Essa parte fica por conta da
confederação, o que fazemos é atender com o espaço. O gerador, a
segurança, a limpeza, atendemos com o mínimo possível, o restante fica
por conta da confederação. Ficamos tristes ao saber dessas notícias
ruins”, disse.