Terça, 13 de dezembro de 2011
Da Agência Brasil
Luana Lourenço - Repórter
O Ministério Público Federal (MPF) em Altamira (PA) vai
pedir a investigação de uma denúncia de ameaça de morte sofrida por um
jornalista do Movimento Xingu Vivo para Sempre, que reúne organizações
sociais contrárias à construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no
Rio Xingu.
Em depoimento ao MPF, o jornalista Ruy Sposati disse que foi ameaçado
de morte, ontem (12), por dois homens que estavam em uma caminhonete
enquanto ele acompanhava um grupo de trabalhadores demitidos da obra.
O MPF encaminhou o caso para o Ministério Público Estadual do Pará e
para a Corregedoria da Polícia Militar, porque, segundo depoimento do
jornalista, o carro de onde saíram os autores da ameaça pertence à
corporação.
Sposati acompanhava um grupo de 80 trabalhadores demitidos da obra. De
acordo com o Movimento Xingu Vivo para Sempre, as dispensas são uma
retaliação às paralisações recentes dos trabalhadores durante a
negociação por reajustes salariais. Em novembro, 140 trabalhadores foram
demitidos de uma só vez.
O Consórcio Construtor de Belo Monte (CCBM), responsável pela obra,
informou que as demissões são parte “do movimento operacional normal” de
uma obra do porte de Belo Monte. Segundo a assessoria do consórcio,
todos os meses, trabalhadores são contratados e demitidos, mas o número
de admissões tem superado o de dispensas. O empreendimento tem, hoje,
cerca de 5 mil trabalhadores e deve chegar a 20 mil, em 2013.
Movimentos sociais contrários à construção da usina organizam novas
manifestações contra a hidrelétrica esta semana. Os protestos devem
acontecer em oito cidades de sete estados, entre os dias 15 e 17. Desta
vez, as manifestações vão reforçar a campanha que tem como slogan
"Belo Monte: com Meu Dinheiro Não!”, lançada pelo Movimento Xingu Vivo
para Sempre, na última semana. A campanha pede para a sociedade
pressionar os bancos a não financiarem o projeto.