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(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

No reino da impunidade, chefe de gabinete é demitido, mas o ministro das Cidades continua intocável.

Quarta, 25 de janeiro de 2012

Carlos Newton

A corda sempre arrebenta no ponto mais fraco, diz o ditado. E não deu outra. O chefe de gabinete do ministro das Cidades, Mário Negromonte, foi demitido nesta quarta-feira. A exoneração de Cássio Peixoto, braço-direito do ministro, foi publicada no “Diário Oficial da União”, e ele nao deixou o cargo espontaneamente. Foi demitido, mesmo. Oficialmente, em nota distribuída à imprensa, o ministério disse que Peixoto foi exonerado “por estar desmotivado”.
Na verdade, a demissão dele ocorreu dois dias depois de a Folha revelar sua participação em negociações com um empresário e um lobista interessados num projeto milionário do ministério. O lobista se encontrou também o próprio ministro Mário Negromonte, no apartamento de um deputado federal, João Pizzolati, do PP de Santa Catarina.
A exoneração foi assinada pela ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil), que tem a prerrogativa de nomear e exonerar quem ocupa este tipo de cargo. E a assessoria da Casa Civil informou que cabe ao ministério a explicação oficial sobre a saída do chefe de gabinete do ministro.
No dia 9 de agosto, Peixoto recebeu em seu gabinete o dono da Poliedro Informática, Luiz Carlos Garcia, e o lobista Mauro César dos Santos para discutir o assunto, ligado a uma proposta de informatização da pasta.
O encontro ocorreu depois de três reuniões do empresário e do lobista na casa do deputado João Pizzolatti (PP-SC) sobre o mesmo tema. Negromonte participou de pelo menos uma das reuniões, assim como seu secretário-executivo, Roberto Muniz. Todos os envolvidos negam que as conversas trataram de algum acerto.
Na edição desta quarta-feira, a Folha mostra que a cúpula do PP negociou, durante as mesmas reuniões, uma manobra que poderia evitar a fiscalização do dinheiro utilizado no projeto.
A estratégia discutida seria estabelecer um convênio da pasta com um organismo internacional para levantar recursos externos, que não podem, por exemplo, ser fiscalizados pelo TCU (Tribunal de Contas da União), vejam só que bela jogada. Todo dia a gente aprende uma maneira nova de desviar recursos públicos, não é mesmo.
Fonte: Tribuna da Imprensa