Terça, 10 de janeiro de 2012
Daniel Mello, repórter da Agência Brasil
O Ministério Público (MP) de São Paulo instaurou hoje
(10) um inquérito civil para apurar as razões que levaram a uma operação
policial na região da cracolândia, no centro capital paulista. Desde
terça-feira (3) da semana passada, a Polícia Militar (PM), acompanhada
da Guarda Civil Metropolitana (GCM), ocupou as ruas onde se fumava crack livremente para acabar com o tráfico e uso de drogas no local.
Para o Ministério Público, a ação não conseguiu atacar as raízes do
problema e apenas espalhou os viciados por outras regiões da cidade.
“Colocando-os de modo inacessível aos agentes de abordagem social”,
segundo o promotor de Direitos Humanos e Inclusão Social , Eduardo
Ferreira Valério.
Para o promotor, da maneira como a ação está sendo conduzida, não há
enfrentamento efetivo do crime na região, além de causar sofrimento
desnecessário aos usuários de drogas. Valério apontou como principal
problema da ação a “falta de articulação com os demais órgãos da
prefeitura e do próprio estado, sobretudo no que se refere a assistência
social e saúde”.
Ele criticou ainda a truculência da força policial. “Não é possível
imaginar que essa operação à base de cavalos, gás lacrimogêneo, balas de
borracha, dor e sofrimento vai fazer cessar o tráfico na cidade de São
Paulo”.
O inquérito assinado também pelas promotorias de Direitos Humanos e
Saúde, Infância e Juventude e Habitação e Urbanismo vai ouvir pelo menos
nove pessoas. Estão incluídos na lista os responsáveis pela operação
policial e autoridades das áreas de saúde, assistência social e
habitação dos governo estadual e municipal.
O último balanço da Operação Integrada Centro Legal divulgado hoje,
às 11h, diz que até agora foram feitas 23 prisões, 25 recapturas de
condenados, apreendidos 447 gramas de crack e 28 internações.