Terça, 28 de fevereiro de 2012
A seguir um apelo em favor dos ciganos.= = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = =
A Toda Sociedade Brasileira
Abaixo, manifesto nacional por melhoria
da condição de um povo com o estigma doloroso de vidas – 800.000 pessoas, 90%
analfabetos, segundo o IBGE -relegadas ao abandono e à execração pública
diária. Resolvemos apelar para a compaixão e a responsabilidade civil de todos
os segmentos da sociedade, por puro cansaço de anos de tentativa inglória de
amenizar a dor do despertencimento.
Estamos enviando-lhes este manifesto de
pedido de socorro imediato ao Povo Cigano, para que todos se sensibilizem e
interfiram junto aos órgãos competentes, para incluí-los nas políticas públicas
de saúde, educação, erradicação da miséria e de comportamentos preconceituosos
que causam tanto sofrimento a esses seres à margem da vida. Nós, voluntários do
Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente, APAC, Casa de Passagem, e na
cidade de Viçosa, Minas Gerais, além do Forum Mundial Social - Mineiro e
diversas outras entidades requeremos as medidas emergenciais de inclusão destes
brasileiros, que já nascem massacrados pelo fardo vitalício da dor do
aviltamento e segregação atávica em nossa sociedade, desabrigados que são da
prática do macroprincípio da dignidade da pessoa humana, telhado da
Constituição.
DE GENTE ESTRANHA, em
caravana.
Dolorosamente
incômoda. Ciganos. Descobrimos, perplexos, que suas famílias são excluídas dos
programas de bolsa-família, saúde, educação, profilaxia dentária, vacinas etc.
Sua existência se torna mais dramática, pois não conseguem os benefícios do
governo por não terem endereço fixo. Segundo o IBGE, são cerca de 800.000, 90%
analfabetos.
Há seis anos,
resolvemos visitar um acampamento em Teixeiras, perto de Viçosa. E o que vimos
foi estarrecedor: idosas, quase cegas, com catarata. Pais silenciosamente
angustiados, esperando os filhos aprenderem a ler em curto espaço de tempo, até
serem despejados da cidade. Levamos ao médico crianças que “tinham problema de
cabeça”. E eram normais. Apenas sofriam um tipo diferente de bullyng, ignoradas,
invisíveis que são. E descobrimos também que os homens, em sua maioria, jamais
saem das barracas, onde ficam fazendo escambo, artesanato- e não entram em
farmácias, supermercados, lojas, pois entendem que a sociedade incluída
só não bate em mulheres e crianças. Vimos chefes de família com pressão
altíssima e congelados pelo medo de deixarem os seus ao desamparo.
Vida
itinerante. Numa bolha, impermeável. Forasteiros no próprio país.
Dor sem volta. Passamos a visitar todos que aqui vem. E a conviver com o drama
de mulheres grávidas, anêmicas e sem enxoval. Crianças analfabetas aos dez,
onze anos. Como pessoas reféns do analfabetismo, execradas publicamente
todos os dias de suas vidas, amordaçadas pelo preconceito e com filhos para
alimentar conseguirão lutar por algo? Vide a Pirâmide de
Maslow. Quem tem que gritar somos nós. Para eles não sobra tempo de
aprender o ofício da libertação, já que são compulsoriamente nômades - sempre
partem porque os donos dos terrenos ou algum prefeito pressionado expede a ordem
de saída. A gente descobre, atordoada, que desde a primeira
diáspora, quando passaram a viver à deriva, sempre
expulsos, eles vivem numa cápsula do tempo. Conservam os mesmos hábitos daquela
época, ou seja, sociedade patriarcal, vestuário, casamento prematuro, a
prática de escambo e a mesma língua dos antepassados. Tudo isto PORQUE NÃO
PARTICIPAM DAS TRANSFORMAÇÕES DA CIVILIZAÇÃO. Jamais tem acesso às benesses das
pesquisas tecnológicas e científicas, aos programas governamentais de
erradicação da miséria, às celebrações civis agregadoras ou sequer a
proposta de ao menos um olhar de compaixão.
E, então,
“civilizados” que somos, cristãos ou não, que gritamos por nossos direitos, que
votamos a favor ou contra, que existimos, continuaremos a dormir em paz?
Agradecemos a todos
que se sensibilizarem com a causa. Respeitosamente, Profª.Bernadete Lage Rochal.bernadete@yahoo.com.br
031-88853369 Voluntariado: APAC
- Viçosa-MGConselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente Conselho
de Segurança Alimentar MULHERES PELA PAZPASTORAL NÔMADE