Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Castro Alves na Greve dos Professores

Segunda, 2 de março de 2012

POR: Ruiter Lima 
             I
A derrocada do Arruda
Profetizei no meu cordel,
Com a Eurides bigoduda
O meu verso foi cruel.
Agnelo chegou sua hora
Sustenta a palavra agora
Que lá vai o meu tropel.
                II
Vou pedir a Castro Alves
Prá poder nos ajudar.
Peço a Rogaciano
Para  seu verso me emprestar.
Vate do Páramo celeste
Deixa aí a tua veste
E escuta o meu cantar.
               III
Condor que é de tuas asas
Que os astros arremessaram?
As plumas da Águia soberba
Que no infinito brilharam?
Que é do teu grito altaneiro
Que atravessa o nevoeiro
Para brilhar junto a Deus ?
Renasce fênix altiva
Que outra senzala aflitiva
Precisa dos cantos teus.
               IV
Tu foste o líder de um povo
Libertador de uma raça:
Mandaste o trabalho ao campo
Trouxeste o direito à praça.
Pois vem ver quantas choupanas
Guardando dores tiranas,
Cheias de fome e suor.
Livraste os negros de outrora,
Pois livra o Professor d`agora
Que o premio será maior.
                  V
Acende o verbo de fogo!
Vibra tua lira de ouro!
Acorda os Anjos do espaço!
Transmite a Deus nosso choro!
Dize lá pelo infinito
Que na terra o professor aflito
Precisa de remissão.
Tu, que a Deus pediste tanto,
Interpreta o nosso pranto
Conta-lhe a nossa aflição.

                       VI                
Desce do espaço imenso e venha ver
O Governador Agnelo tudo prometer
E depois a palavra faltar…
Falta a vergonha na cara
Isso aqui é coisa rara
Desculpe meu linguajar.
                      VII
Venha ver como tudo está diferente.
A Educação desprezada como joguete,
Não adianta falar.
Deputados roubando à luz do dia,
Governador bancando mordomia,
E o povo a definhar.
                    VIII
Venha ver a luta das Professoras,
Transmitindo a verdade que entoam,
Na arte de educar.
Adquirindo calos na voz ardente,
Com o tempo o ofício inclemente,
Lhe proíbe de ensinar.
               IX
Agora, mais do que nunca,
Nós precisamos de ti!
Das escolas de Samambaia
Ao canto do bem-te-vi
Ajude a arrancar sem pena,
Dos cofres dessa Hiena
Da prata do buriti.
                      X
Eu pergunto por ti, cantor dos bravos,
Das mulheres formosas, dos escravos,
Da crença no porvir…
O meu eco se perde, não respondes…
“Em que céus, em que estrelas tu te escondes?”
Devias ressurgir!

                  Os versos III, IV, V e X, são do poema Acorda Castro Alves, de Rogaciano Leite.

                             Brasília, 02 de abril de 2012.

Fonte: Blog do Washington Dourado