Terça, 3 de abril de 2012
Da Agência Câmara
Presidente da Câmara pediu informações do
inquérito à Procuradoria-Geral da República. Investigação pode envolver
CPI, Corregedoria e Conselho de Ética.
Marco Maia (C) na reunião em que o Psol pediu a investigação de deputados de Goiás. Foto: J.Batista
A divulgação de novos documentos e escutas telefônicas da Operação
Montecarlo da Polícia Federal, que investiga os negócios do contraventor
Carlinhos Cachoeira com políticos e agentes públicos, aumentou a
pressão na Câmara para a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI) proposta pelo deputado
Delegado Protógenes (PCdoB-SP) para analisar o caso. A investigação foi
defendida, nesta terça-feira (3), por líderes da base governista e da
oposição.
O presidente da Câmara, Marco Maia, disse que pediu uma análise
técnica sobre o requerimento da CPI e que aguarda as informações sobre o
inquérito em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF) antes de tomar
uma decisão sobre a CPI. “Vamos olhar as investigações para que se
tenham melhores condições de avaliar se é necessário ou não uma nova
CPI, o [processo no] Conselho de Ética, ou nenhum dos dois”, disse.
Para o líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), “tudo indica” que
a Câmara vai instituir uma CPI sobre o caso. “Já há assinaturas
necessárias, e agora a Mesa tem de analisar se elas são suficientes e se
há fato determinado”, disse.
O líder do PT, Jilmar Tatto (SP), disse que as “ramificações” da
operação da PF têm de vir à tona. “Não temos que ter medo da verdade,
até porque não podemos aceitar, numa democracia, que o crime organizado
se instale no aparelho de Estado”, sustentou. “A bancada do PT é
favorável à instalação da CPI”.
Os líderes do PR, Lincoln Portela (MG), e do Democratas, Antonio
Carlos Magalhães Neto (BA), também defenderam a CPI. Para ACM Neto, a
comissão vai permitir que se avalie a “extensão dos malfeitos
revelados”. “Queremos fazer um debate aberto com a sociedade”, afirmou
ACM Neto, cujo partido aceitou nesta terça-feira o pedido de desfiliação
do senador Demóstenes Torres (GO), envolvido nos grampos. Demóstenes
era líder do DEM no Senado.
Acusado de comandar a máfia de caça-níqueis de Goiás, o empresário
Carlinhos Cachoeira está preso pela Polícia Federal, acusado de
contravenção e formação de quadrilha. Os grampos realizados pela PF
indicam a prática de lobby, tráfico de influência e corrupção.
Deputados
No início da tarde desta terça, o Psol entregou ao presidente Marco Maia um documento pedindo que a Corregedoria Parlamentar
investigue os deputados Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) e Sandes Júnior
(PP-GO) pelas ligações com Cachoeira. O documento diz que as escutas
telefônicas da Polícia Federal indicam "relações suspeitas e transações
obscuras" entre Leréia e um dos chefes da organização de Cachoeira, além
de "conversas suspeitas" entre Júnior e o contraventor.
Após a análise do caso, a Corregedoria decidirá se o processo será ou não encaminhado ao Conselho de Ética. No entanto, algum partido pode representar diretamente ao conselho. O líder do Psol, deputado Chico Alencar (RJ), não descartou essa possibilidade. "Não vamos fazer cara de paisagem. A instituição tem de estar empenhada na investigação disso tudo e o partido não titubeará em ir ao Conselho de Ética, tendo mais elementos", disse.
Após a análise do caso, a Corregedoria decidirá se o processo será ou não encaminhado ao Conselho de Ética. No entanto, algum partido pode representar diretamente ao conselho. O líder do Psol, deputado Chico Alencar (RJ), não descartou essa possibilidade. "Não vamos fazer cara de paisagem. A instituição tem de estar empenhada na investigação disso tudo e o partido não titubeará em ir ao Conselho de Ética, tendo mais elementos", disse.
Na semana passada, o Psol já havia representado contra o deputado Rubens Otoni (PT-GO), que teria recebido recursos de Cachoeira para financiar sua campanha à Prefeitura de Anápolis, em 2004. A Corregedoria abriu prazo para Otoni apresentar sua defesa.
Ontem, Leréia divulgou uma nota dizendo que não iria se pronunciar
sobre o caso até receber os dados do inquérito. Os deputados Sandes
Júnior e Rubens Otoni não se manifestaram.
Frente Parlamentar
Integrantes da Frente Parlamentar
Mista de Combate à Corrupção participaram da reunião do Psol com o
presidente da Câmara para reforçar o pedido, feito na semana passada,
para que a Mesa Diretora obtenha informações completas sobre as
investigações em curso. "Temos de ter conhecimento dessas peças para a
proteção da nossa imagem", disse o presidente da Frente, Francisco
Praciano.
O líder do PPS, Rubens Bueno (PR), também esteve presente e disse que o partido "está disposto a investigar para valer, começando pelos deputados do partido", referindo-se à denúncia de que Cachoeira teria emprestado dinheiro ao deputado Stepan Nercessian (RJ), que já se licenciou do partido até que sejam concluídas as investigações. "Ele mesmo pediu investigação sobre si, e o partido confia nele", disse Bueno.
O líder do PPS, Rubens Bueno (PR), também esteve presente e disse que o partido "está disposto a investigar para valer, começando pelos deputados do partido", referindo-se à denúncia de que Cachoeira teria emprestado dinheiro ao deputado Stepan Nercessian (RJ), que já se licenciou do partido até que sejam concluídas as investigações. "Ele mesmo pediu investigação sobre si, e o partido confia nele", disse Bueno.