Segunda, 2 de abril de 2012
Por Carlos Newton
Oportuna reportagem de Guilherme Amado, no Correio Braziliense,
mostra que a situação realmente fugiu ao controle e a desfaçatez domina
completamente o governo federal, um dos três poderes apodrecidos da
União.
A matéria mostra que, nos gabinetes e corredores do Ministério dos
Transportes, Luiz Antonio Pagot ainda é saudado como “Doutor Pagot”.
Pivô da crise que levou a presidente Dilma Rousseff a demitir toda a
cúpula da pasta, em julho do ano passado, o ex-diretor-geral do
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) ainda é
figurinha fácil no ministério, por onde circula com liberdade, com
acesso inclusive ao ministro Paulo Sérgio Passos.
Só entra pelo acesso privativo, cumprimenta os vigias e avisa que
“vai ao gabinete”. O vaivém pelos andares do Ministério dos Transportes —
cobiçado até hoje por seu partido, o PR — tem a ver com a nova
atividade de Pagot. Antes todo-poderoso do setor de transportes, ele
agora atua como consultor de empresas do segmento hidroviário.
Leva clientes ao ministério, faz o meio de campo entre políticos e o
ministro, e troca informações sobre a rotina do órgão. Por coincidência,
apenas coincidência, é claro, o lobby ocorre num momento em que o
governo decidiu entregar a manutenção de algumas hidrovias à iniciativa
privada, com a promessa de crescimento do setor. “Ponto para Pagot”,
ironiza o repórter Guilherme Amado.
Traduzindo tudo isso: nada de novo no front ocidental, como dizia o
genial escritor alemão Erich Maria Remarque. o Dnit, antigo DNER,
continua a ser um dos maiores antros de corrupção do Planalto.
Detalhe importante: o atual ministro Paulo Sérgio Passos, não pode
ser considerado um cidadão acima de qualquer suspeita. Servidor de
carreira do DNIT, ele já tinha tempos para aposentadoria, mas continuava
trabalhando, numa dedicação mais do que suspeita ao serviço público, e
num órgão onde a corrupção sempre falou mais alto. Esta é a realidade. O
resto é silêncio, como dizia outro escritor genial, Erico Veríssimo.
Fonte: Tribuna na Internet
Fonte: Tribuna na Internet