Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 4 de abril de 2012

População rejeita a política econômica de Dilma

Quarta, 4 de abril de 2012
Da Auditoria Cidadã da Dívida
 Os jornais comentam sobre a última pesquisa CNI/IBOPE que mediu a popularidade da Presidente Dilma Rouseff. Porém, os dados mais importantes não saíram nas manchetes: apenas uma minoria da população aprova importantes quesitos da política econômica, tais como a taxa de juros (que conta com o apoio de apenas 33% da população), combate à inflação (42%) e impostos (28%). Tal situação se repete na avaliação de áreas sociais fundamentais, como Saúde (aprovada por apenas 34% da população), Segurança (35%) e  Educação (49%).

Até mesmo áreas propagandeadas como ótimas pelo governo não são bem vistas por boa parte da população, a exemplo do combate ao desemprego (que somente é aprovada por 53% da população) , Meio Ambiente (53%) e combate à fome e à pobreza (59%).

Tais dados mostram que a população não aprova a atual política econômica, que tributa pesadamente os mais pobres e corta gastos de áreas como a saúde e educação, para pagar as altíssimas taxas de juros da dívida pública.


Trabalhadores pagam a conta da crise da indústria

Os jornais de hoje também noticiam o lançamento de mais um pacote de estímulo à industria. Mais uma vez, o governo foi incapaz de enfrentar as verdadeiras causas da crise do setor, ou seja, os altíssimos juros da dívida interna que atraem rentistas de todo o mundo, que trazem livremente ao Brasil uma “tsunami” de dólares que assim valorizam a moeda nacional, barateando os importados e dificultando as exportações de manufaturados.

Com as medidas anunciadas ontem, os trabalhadores perderão uma importante fatia de seu salário indireto, ou seja, a contribuição patronal para o INSS, ao mesmo tempo em que os rentistas estrangeiros continuarão a dispor de privilégios como o livre fluxo de capitais e isenção de imposto de renda para ganhar bilhões com a dívida interna.

De 2004 até 2012, o dólar já se desvalorizou 38% (de R$ 2,94 para R$ 1,82), o que significa que os produtos importados ficaram 38% mais baratos, ao mesmo tempo em que os produtos exportados ficaram 38% mais caros no mercado internacional, o que leva à destruição da industria nacional.  Tal processo tem um impacto semelhante, por exemplo, à entrada do Brasil na hipotética ALCA (Área de Livre Comércio das Américas), onde não poderia haver tarifas de importação sobre os produtos industrializados norte-americanos.

Ou seja: os juros altos da dívida interna cumpriram a tarefa de implementar a ALCA no Brasil, por outros meios: a sobre-valorização da moeda nacional.

E o pior, tal processo ainda serve de justificativa para uma perda histórica: a apropriação, pelos empresários, de importante parcela do salário indireto dos trabalhadores, ou seja, a contribuição patronal para o INSS, que ontem foi eliminada para 15 setores, e caminha para ser completamente extinta. Em seu lugar, será introduzida uma contribuição sobre o faturamento das empresas, mas que, segundo o próprio governo, terá uma arrecadação bem menor, gerando grande perda para a Previdência Social.

Apesar do governo afirmar que irá compensar as perdas do INSS, tal compensação será feita com base em estimativas, e não com base na perda efetiva de receita, o que certamente aumentará o falacioso “déficit” da Previdência Social. Tal “déficit” é sempre propalado pelo governo para justificar mais e mais reformas neoliberais que retiram direitos dos trabalhadores e aposentados.

O governo também alega que está sim combatendo os capitais estrangeiros especulativos ao tributá-los com 6% de IOF, porém, tal tributação ocorre apenas uma vez, enquanto tais capitais podem ganhar juros de cerca de 11% ao ano. Isso quando tais capitais não entram no país disfarçados de “investimento direto”, para que as multinacionais aqui instaladas apliquem seu capital em títulos da dívida interna, sem pagar tal IOF, e remetam seus lucros para o exterior também com isenção de imposto de renda. Além do mais, os investidores estrangeiros também ganham a valorização do real, que desde 2004 já lhes deu 61% de ganho adicional.

Outra medida anunciada pelo governo foi mais um empréstimo de R$ 45 bilhões para o BNDES, que pode ser financiado por mais dívida interna, que paga os juros mais altos do mundo.
= = = = = = = = = = = = = = = =