Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

terça-feira, 22 de maio de 2012

Agenda da Anvisa mostra lobby de parlamentares em favor de indústrias

Terça, 22 de maio de 2012
Deu em "O Estado de São Paulo"

Somente em 2011, 140 audiências foram pedidas por deputados e senadores com o diretor-presidente e a cúpula da entidade para discutir questões sobre empresas farmacêuticas, de alimentos e laboratórios

Jamil Chade, correspondente em Genebra
 Empresas farmacêuticas, laboratórios químicos e a indústria de alimentos usam políticos para tentar pressionar a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na defesa de seus interesses. Um levantamento da própria agência reguladora constatou que, em 2011, 140 audiências foram pedidas por deputados, senadores e governadores com o diretor-presidente Dirceu Barbano a cúpula da entidade. A maioria pedia uma intervenção para defender a liberação da produção ou comercialização de um produto.

O lobby veio à tona com o escândalo relacionado ao senador Demóstenes Torres. Em 21 de setembro de 2011, ele agendou uma reunião com Barbano e informou que o tema a ser tratado seria próstata. Na noite anterior, mudou a agenda e informou que falaria sobre o laboratório Vitapan. Mais tarde foi revelado que essa empresa pertencia ao empresário Carlos Cachoeira.

A Anvisa possui um procedimento rígido para receber empresas que tenham processos em andamento e afirma que apresentará todos os dados sobre o caso da Vitapan. Os representantes são recebidos por técnicos em salas onde as conversas são gravadas. Uma minuta do encontro é produzida e todos assinam.

A direção, porém, tem um procedimento mais flexível, ainda que uma minuta também seja feita. A direção admite que não costuma recusar o pedido de audiência de um parlamentar, em respeito ao Legislativo.

Demóstenes, por exemplo, não seria o único parlamentar naquele dia a visitar Barbano. Às 8h30, o diretor-presidente teria uma reunião com o deputado Federal e vice-líder do governo na Câmara, Odair Cunha (PT-MG) para falara de “registro de medicamentos”. O encontro, segundo a agenda, teria a participação ainda de um “sr. Fernando”. Leia a íntegra