Quinta, 24 de maio de 2012
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, voltou a se
defender das acusações de ser conivente com as atividades do grupo
liderado pelo empresário Carlinhos Cachoeira em resposta encaminhada à
Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira nesta
quarta-feira (23).
Na semana passada, parlamentares incomodados com a atuação do
Ministério Público no caso encaminharam cinco perguntas escritas para o
procurador. Eles queriam saber porque Gurgel não acionou o Supremo
Tribunal Federal (STF) para denunciar a relação de Cachoeira com
parlamentares, já detectada na Operação Vegas, de 2009.
No texto encaminhado a CPMI nesta noite, Gurgel informa que não
procurou o STF porque a Operação Vegas detectou apenas desvios no “campo
ético”, insuficientes para a abertura de ação penal no Supremo. Gurgel
ainda informa que teria que pedir o arquivamento do inquérito caso os
dados fossem enviados ao STF, o que daria publicidade desnecessária ao
assunto.
“Constatei que não havia fato penalmente relevante que pudesse ensejar a
instauração de inquérito no Supremo Tribunal Federal, especialmente
rigoroso na exigência de indícios concretos da prática de crime para
autorizar a formalização de procedimento investigatório e diligências
invasivas da privacidade do cidadão”, argumentou.
Em março de 2011, Gurgel disse ter sido informado sobre a continuação
das investigações em Goiás, preferindo esperar os resultados dessa nova
investida para agir. A Operação Monte Carlo foi deflagrada em fevereiro
deste ano e resultou na prisão de 28 pessoas, entre elas, o empresário
Carlinhos Cachoeira.
Para Gurgel, a suspensão dos resultados da Operação Vegas foi um
"acerto", pois as apurações se restringiam à exploração de jogos
ilegais, enquanto a Operação Monte Carlo, iniciada posteriormente,
escancarou esquema de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo
políticos.
O procurador-geral diz que recebeu os resultados da Operação Monte
Carlo apenas no dia 9 de março, encaminhando pedido de inquérito ao STF
19 dias depois. Gurgel ainda informa que os quatro inquéritos que correm
no STF estão embasados exclusivamente nas informações colhidas na
Operação Monte Carlo, e que as citações à Operação Vegas serviram apenas
para contextualizar os fatos.
Fonte: Agência Brasil — Débora Zampier, repórter