Segunda, 13 de maio de 2012
Por Maria Luisa Ortiz*
Há cinquenta anos, um sonho tornou-se realidade: Brasília, jovem
capital projetada para o futuro, dá à luz uma alma mater, a
universidade necessária da qual falara Darcy Ribeiro. Eu tinha apenas
oito anos naquela época e nem imaginava que ela me abriria as suas
portas e que me proporcionaria tantos louros. Sinto orgulho da sua
trajetória de vida, pela coragem quando foi invadida por baionetas e
fuzis. Por ter sido palco de lutas contra a injustiça, por ser exemplo
de excelência, por ser plural. Sinto também gratidão por ter me adotado
como filha legítima.
Hoje, no seu jubileu, quero dar para a UnB vários presentes.
Primeiro quero lhe dar ASAS para voar mais alto, para tomar novos
rumos, para ser uma universidade renovada para “que se torne consciente
e progressiva”, como afirmara Anísio Teixeira. E assim enfrente os
desafios de um mundo global sem esquecer do mundo local. Quero lhe dar
também ouvidos para absorver as múltiplas vozes da comunidade e
estabelecer um diálogo permanente entre seus membros e a sociedade.
Universidade significa conjunto, totalidade, comunidade, então eu daria
a ela UNIÃO.
Como apontara Anísio Teixeira, “... a universidade é, pois, na
sociedade moderna, uma das instituições características e
indispensáveis, sem a qual não chega a existir um povo. Aqueles que não
as têm também não têm existência autônoma, vivendo tão somente como um
reflexo dos demais”. A universidade também não pode abdicar de ser um
centro formador de consciências que irão atuar efetivamente na
sociedade. Deve olhar para si e refletir sobre suas metas, o que
implica estabelecer valores alternativos e democráticos que configurem
uma instituição claramente participativa e cujos indicativos são a
pluralidade de enfoques e a versatilidade nas ações.
Além de mim, a sociedade anseia por uma universidade mais criativa e
inovadora que aceite o risco de ser ousada, que privilegie a
imaginação e recuse a facilidade nos planos científico e pedagógico.
Que inove a administração e a forma de gerir seus recursos humanos e
técnicos; que problematize e repense a ética da sua condição
universitária. Uma universidade realmente autônoma com base na noção
jurídica de autonomia como direito adquirido, aprofunda as
potencialidades dessa autonomia enfrenta e vence os desafios que ela
envolve. Uma universidade inteligente, crítica, hábil, capaz de exercer
liderança intelectual e de mostrar a marca da juventude que assumirá o
Brasil nas décadas vindouras. Que esteja engajada em uma sociedade
inclusiva e democrática, local em que se garanta a articulação entre os
projetos universitários e sociais e que priorize uma administração
mais ágil, desburocratizada. Enfim, que aos 50 anos a UnB esteja cada
vez mais visível, mais inclusiva e livre dos preconceitos de credo, de
classe, de raça e de gênero. Que este e os próximos anos sejam de
igualdade plena para todos os seus segmentos. Por isso também dou para a
UnB a ESPERANÇA.
PARABÉNS, UnB ABENÇOADA
*Maria Luisa Ortiz é professora do Departamento de
Línguas Estrangeiras e Tradução e diretora do Instituto de Letras, da
Universidade de Brasília. É graduada em Língua e Literatura russas e
mestre em Ciências Pedagógicas pelo Instituto Superior Pedagógico de
Moscou. Possui Doutorado em Linguística Aplicada pela Universidade
Estadual de Campinas, formou-se como professora de Língua Portuguesa na
Universidade de Havana, Cuba. É membro do Conselho Consultivo da SIPLE.
Tem experiência na área de Lingüística, com ênfase na Lingüística
Aplicada, e na área de estudos fraseológicos. Tem publicado vários
artigos, capítulos de livros e livros. Neste ano concluiu o curso de Pós
Doutorado na Universidade Federal da Bahia.
Texto publicado originalmente no jornal "O Miraculoso"