Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Meus presentes para o aniversário da UnB

Segunda, 13 de maio de 2012 
Por Maria Luisa Ortiz*

Há cinquenta anos, um sonho tornou-se realidade: Brasília, jovem capital projetada para o futuro, dá à luz uma alma mater, a universidade necessária da qual falara Darcy Ribeiro. Eu tinha apenas oito anos naquela época e nem imaginava que ela me abriria as suas portas e que me proporcionaria tantos louros. Sinto orgulho da sua trajetória de vida, pela coragem quando foi invadida por baionetas e fuzis. Por ter sido palco de lutas contra a injustiça, por ser exemplo de excelência, por ser plural. Sinto também gratidão por ter me adotado como filha legítima.

Hoje, no seu jubileu, quero dar para a UnB vários presentes. Primeiro quero lhe dar ASAS para voar mais alto, para tomar novos rumos, para ser uma universidade renovada para “que se torne consciente e progressiva”, como afirmara Anísio Teixeira. E assim enfrente os desafios de um mundo global sem esquecer do mundo local. Quero lhe dar também ouvidos para absorver as múltiplas vozes da comunidade e estabelecer um diálogo permanente entre seus membros e a sociedade. Universidade significa conjunto, totalidade, comunidade, então eu daria a ela UNIÃO.

Como apontara Anísio Teixeira, “... a universidade é, pois, na sociedade moderna, uma das instituições características e indispensáveis, sem a qual não chega a existir um povo. Aqueles que não as têm também não têm existência autônoma, vivendo tão somente como um reflexo dos demais”. A universidade também não pode abdicar de ser um centro formador de consciências que irão atuar efetivamente na sociedade. Deve olhar para si e refletir sobre suas metas, o que implica estabelecer valores alternativos e democráticos que configurem uma instituição claramente participativa e cujos indicativos são a pluralidade de enfoques e a versatilidade nas ações.

Além de mim, a sociedade anseia por uma universidade mais criativa e inovadora que aceite o risco de ser ousada, que privilegie a imaginação e recuse a facilidade nos planos científico e pedagógico. Que inove a administração e a forma de gerir seus recursos humanos e técnicos; que problematize e repense a ética da sua condição universitária. Uma universidade realmente autônoma com base na noção jurídica de autonomia como direito adquirido, aprofunda as potencialidades dessa autonomia enfrenta e vence os desafios que ela envolve. Uma universidade inteligente, crítica, hábil, capaz de exercer liderança intelectual e de mostrar a marca da juventude que assumirá o Brasil nas décadas vindouras. Que esteja engajada em uma sociedade inclusiva e democrática, local em que se garanta a articulação entre os projetos universitários e sociais e que priorize uma administração mais ágil, desburocratizada. Enfim, que aos 50 anos a UnB esteja cada vez mais visível, mais inclusiva e livre dos preconceitos de credo, de classe, de raça e de gênero. Que este e os próximos anos sejam de igualdade plena para todos os seus segmentos. Por isso também dou para a UnB a ESPERANÇA.

PARABÉNS, UnB ABENÇOADA

*Maria Luisa Ortiz é professora do Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução e diretora do Instituto de Letras, da Universidade de Brasília. É graduada em Língua e Literatura russas e mestre em Ciências Pedagógicas pelo Instituto Superior Pedagógico de Moscou. Possui Doutorado em Linguística Aplicada pela Universidade Estadual de Campinas, formou-se como professora de Língua Portuguesa na Universidade de Havana, Cuba. É membro do Conselho Consultivo da SIPLE. Tem experiência na área de Lingüística, com ênfase na Lingüística Aplicada, e na área de estudos fraseológicos. Tem publicado vários artigos, capítulos de livros e livros. Neste ano concluiu o curso de Pós Doutorado na Universidade Federal da Bahia.

Texto publicado originalmente no jornal "O Miraculoso"