Domingo, 6 de maio de 2012
Do Estadão
A estratégia da construtora Delta de jogar sobre seu
ex-diretor Cláudio Abreu toda a responsabilidade pelos desvios
identificados na Operação Monte Carlo esbarra no farto material de
investigação que a Polícia Federal tem sobre outros integrantes da
cúpula da empresa.
O inquérito, que tramita na 11.ª Vara Criminal Federal de Goiás,
mostra que Carlos Pacheco, diretor executivo licenciado da Delta - o
número dois da construtora -, e Heraldo Puccini Neto, responsável pela
empresa na Região Sudeste e considerado foragido da Justiça, mantiveram
contato frequente com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos
Cachoeira, e outros integrantes de sua organização entre março e agosto
do ano passado.
A PF também identifica referências ao dono da empresa, Fernando
Cavendish - que se licenciou da presidência do conselho da construtora
há 10 dias -, em conversas de Cachoeira com Abreu e com o senador
Demóstenes Torres (sem partido-GO).
Nas gravações feitas pela PF, Pacheco é citado em pelo menos 22
diálogos do contraventor e de seus aliados. Dois encontros foram
agendados entre ele e Cachoeira, indicam gravações realizadas em junho e
julho do ano passado. Em 15 de junho, o ex-vereador de Goiânia Wladimir
Garcez informa a Cachoeira que está chegando na casa do contraventor
"acompanhado de Cláudio, Heraldo e Pacheco".
Pacheco também teria se oferecido como sócio de Cachoeira na compra
de um terreno. Em 15 de agosto de 2011, Abreu leva um suposto recado do
diretor ao contraventor: "Falei que você tava comprando. Ele tá querendo
entrar com você na compra da área". Cachoeira propõe parcerias na
construção de imóveis do Programa Minha Casa, Minha vida: "Fala lá com o
Pacheco, vê se ele tem interesse".
O contraventor também demonstra intimidade ao falar do número dois da
Delta. Em conversa com Abreu no dia 1.º de junho de 2011, Cachoeira
manda: "Amanhã, você dá uma cacetada no Pacheco porque não entrou nada
viu? Tudo atrasado, tudo atrasado". No dia seguinte, Cachoeira pede a
Abreu que mande um avião a Brasília para levar Demóstenes ao encontro de
Pacheco em Goiânia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.