Sábado, 19 de maio de 2012
Da Revista Veja
Acusada de irregularidades e pagamento de propina, a construtora Delta, uma das maiores do país, agoniza. Nos bastidores, seu dono ameaça revelar segredos que comprometeriam políticos e outras grandes empreiteiras
Otávio cabral e Daniel Pereira
Blefe? - Fernando Cavendish, proprietário
da Delta, tem enviado recados a grandes empreiteiros e políticos sobre o
risco de surgirem revelações envolvendo caixa dois e dinheiro para
campanhas eleitorais
(Cristiano Mariz e Oscar Cabral)
É absolutamente previsível a explosão que pode emergir de uma apuração
minuciosa envolvendo as relações de uma grande construtora, no caso a
Delta Construções, e seus laços financeiros com políticos influentes. A
empreiteira assumiu o posto de líder entre as fornecedoras da União
depois de contratar como consultor o deputado cassado José Dirceu,
petista que responde a processo no Supremo Tribunal Federal (STF) no
papel de "chefe da organização criminosa" do mensalão. Além disso,
consolidou-se como a principal parceira do Ministério dos Transportes na
esteira de uma amizade entre seu controlador, Fernando Cavendish, e o
deputado Valdemar Costa Neto, réu no mesmo processo do mensalão e
mandachuva do PR, partido que comandou um esquema de cobrança de propina
que floresceu na gestão Lula e só foi desmantelado no ano passado pela
presidente Dilma Rousseff. A empreiteira de Cavendish é dona da maior
fatia das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e tem
contratos avaliados em cerca de 4 bilhões de reais com 23 dos 27
governos estaduais. Todo esse império começou a ruir desde que a Delta
foi pilhada no epicentro do escândalo envolvendo o contraventor Carlos
Cachoeira. Se os segredos de Cachoeira são dinamite pura, os de
Cavendish equivalem a uma bomba atômica. Fala, Cavendish! Leia a íntegra da reportagem