Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sábado, 4 de agosto de 2012

Carlos Chagas foi quem primeiro tratou do mensalão na imprensa

Sábado, 4 de agosto de 2012
Carlos Chagas na Tribuna da Imprensa de 28 de fevereiro de 2004 começava a descortinar informações do que, mais adiante, se chamaria "Mensalão"
 
Para administrar uma fortuna
    Ruim de grana o PT nunca esteve. Desde sua fundação, 24 anos atrás, seus filiados destinam mensalidades obrigatórias ao partido. Com o tempo, elegeram-se gradativamente vereadores, deputados estaduais e federais, senadores, prefeitos e governadores petistas, bem como um monte de assessores, secretários e auxiliares nomeados para servi-los. Faz muito ficou estabelecido que cada um destinaria 30% de seus vencimentos para o PT. Nada mais justo, natural e lógico, apesar de cruel.

    Até 2002, os recursos equilibravam receita e despesa, destinadas às campanhas eleitorais e à ampliação do partido. Mesmo as sobras das contribuições amealhadas para as campanhas presidenciais de 1998, 1991 e 1989, diluíram-se nos gastos imprescindíveis.

    Foi a partir da recente campanha presidencial, porém, que o dinheiro começou a sobrar. Com a posse do presidente Lula e a nomeação de milhares de petistas para a administração federal, mais recursos apareceram.

    A preocupação do presidente anterior, José Dirceu, e do atual, José Genoíno, passou a ser como administrar a bolada, cujo montante, para dizer a verdade, só uns poucos conhecem. Mas é muito grande.

    Quem passou a sofrer foi o diretor-financeiro do PT. Delúbio Soares jamais pensou em tornar-se banqueiro ou investidor no mercado. Assim, para ajudá-lo, foi buscar um operador profissional, encontrado na pessoa do publicitário mineiro Marcos Valério, da SMPB, de Belo Horizonte. Agência por sinal aquinhoada em 2003 com contratos de publicidade no valor aproximado de 150 milhões de reais, provindos do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Correios e Telégrafos e Petrobrás.

    Há algum tempo, a capital mineira funciona como uma espécie de caixa central do PT, de onde flui numerário bastante parta as despesas partidárias, agora com ênfase para as campanhas de outubro. No caso, até servindo a outros partidos, como o PP, PL e PTB, cujos emissários não raro deixam o aeroporto da Pampulha com malas recheadas, em espécie. É claro que tudo ocorre sob a férrea fiscalização dos dirigentes do PT. José Dirceu e José Genoíno são informados de cada repasse.

    Dispondo de recursos como nunca dispôs, o PT imagina alavancar as candidaturas de seus candidatos em todo o país, em especial às prefeituras das capitais, mas sem descuidar dos grotões, capazes de duplicar o número de prefeituras do partido e de multiplicar o número de seus vereadores.

    A pergunta que se faz é se a Receita Federal acompanha tão diligentemente assim as aplicações, os investimentos e as doações, da mesma forma como a Justiça Eleitoral acompanhará.