Quinta, 23 de agosto de 2012
Por Felipe Patury, da Revista Época
A Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga as ligações do
contraventor Carlinhos Cachoeira com os políticos recebeu documentação
bancária esta semana em que comprova, pela primeira vez, a amizade e os
negócios entre o governador de Brasília, Agnelo Queiroz, e o soldado PM
João Dias. Dados bancários enviados à CPI mostram que em março de 2008,
quando ainda era diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa), Agnelo fez duas transferências bancárias para Dias, cada uma
de R$ 2,5 mil. O governador sempre admitiu que conhecia João Dias e que o
PM trabalhou na sua campanha, mas negava o vínculo de amizade. Agora,
terá que explicar os dois depósitos de R$ 5 mil na conta de Dias.
João Dias foi candidato a deputado distrital em 2006 pelo PC do B, na
ocasião o mesmo partido de Agnelo. Preso em abril de 2010 durante as
investigações da Operação Shaolin, da Polícia Civil do Distrito Federal,
Dias foi acusado em relatório da PF de ter desviado dinheiro recebido
do programa Segundo Tempo, do ministério dos Esportes, na gestão Agnelo.
Pelo menos R$ 2 milhões dos R$ 40 milhões repassados pelo ministério
para duas OnGs dirigidas por Dias, teriam sido desviados para campanhas
eleitorais, segundo o trabalho da PF. Os policiais indicam que Agnelo
recebeu parte do dinheiro desviado. O policial também acusou o então
secretário e depois ministro dos Esportes, Orlando Silva, de ter
recebido dinheiro ilegal.
Segundo reportagem da revista “Época”, a Polícia Civil do DF flagrou
diversos telefonemas entre Agnelo e João Dias durante investigação
relacionada ao programa Segundo Tempo. Nos diálogos, os dois tratam nas
conversas da produção de documentos que justificassem os gastos das ONGs
administradas pelo policial e que receberam verba do programa. O
governador está em viagem pessoal a Argentina, mas informou a um dos
secretários que os depósitos são legais.