Quinta, 3 de agosto de 2012
Luciene Cruz
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Após 78 dias de greve, estudantes das universidades federais
do país seguem sem perspectiva de volta às aulas. Segundo a presidenta
do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior
(Andes-SN), Marinalva Oliveira, a expectativa da categoria é “fortalecer
a greve” e continuar “insistindo nas negociações”. “Nós acreditamos que
ninguém vai voltar a trabalhar”, disse.
“Quem interrompeu o processo de negociação foi o governo e não nós. Foi
uma decisão unilateral. A partir daí, nós manifestamos a decisão de
fortalecer a greve. A decisão de toda a categoria é continuar o processo
de negociação”, disse Marinalva. Representantes dos professores
universitários federais vão solicitar audiência com os ministros da
Educação, Aloizio Mercadante, e do Planejamento, Miriam Belchior, para
tentar flexibilizar a proposta.
Das quatro entidades que representam os docentes federais de ensino
superior, três se recusaram a firmar acordo com o governo. Apenas a
Federação de Sindicatos de Professores de Instituições Federais de
Ensino Superior (Proifes) aceitou a proposta, que prevê reajustes de 25%
a 40% e redução do número de níveis de carreira de 17 para 13.
No entanto, a federação representa apenas sete universidades. Destas,
uma não aderiu à greve. Das seis restantes, apenas uma, a Universidade
Federal de São Carlos (UFSCar), em São Paulo, aceitou a oferta do
governo. As demais seguem em paralisação.
“O governo quando veio com a proposta dele, em nada considerou a
proposta colocada pelo Andes-SN. Nós trabalhamos com reestruturação de
carreira. Queremos o mesmo percentual de aumento entre os níveis (5%),
progressão de carreira segundo critérios de titulação, por tempo de
serviço e desempenho que sejam definidos em cada instituição e não como o
governo propõe, definido posteriormente. É como se você tivesse
assinando um cheque em branco para tua progressão”, disse Marinalva.
Os representantes do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da
Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe) também não
concordaram com a nova oferta. Dados do Andes-SN e do Sinasefe apontam
que a paralisação atinge 57 das 59 universidades federais, além de 34
dos 38 institutos federais de educação tecnológica.