Quarta, 8 de agosto de 2012
Da Agência Brasil
Débora Zampier, repórter
Colaborou Renata Giraldi
O julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF)
será retomado hoje (8), a partir das 14h, em mais uma etapa para as
defesas de cinco réus. O primeiro advogado a apresentar considerações
será Márcio Thomaz Bastos, ex-ministro da Justiça. Bastos representa
José Roberto Salgado, ex-dirigente do Banco Rural, que responde pelos
crimes de gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha
e evasão de divisas.
O ex-ministro disse que na sua apresentação vai apontar vários
questionamentos técnicos sobre a atuação do Ministério Público Federal
(MPF). Bastos rebate alguns pontos apresentados pelo MPF. Referência
para advogados, desde o começo do julgamento, no dia 2, ele tem sido
presença constante no Supremo e geralmente está cercado por jornalistas e
jovens advogados.
Bastos levanta dúvidas sobre o fato de a Procuradoria-Geral da
República insistir em usar provas colhidas nas comissões parlamentares
mistas de Inquérito durante o processo na Suprema Corte, mesmo que elas
tenham sido desmentidas no curso da ação penal. Há precedentes no STF
que impedem esse tipo de conduta.
O ex-ministro é apontado como um dos autores da tese de que o
dinheiro do mensalão na verdade é caixa 2. Esse argumento tem sido usado
por vários advogados.
Foi Bastos que apresentou a questão de ordem no primeiro dia do
julgamento para que o processo fosse desmembrado. O pedido atrasou em um
dia o cronograma previsto. Mesmo com a negativa do plenário, Bastos
recebeu vários elogios dos ministros.
Ao longo do dia, o julgamento prosseguirá com a defesa dos réus que
pertenceriam ao chamado núcleo financeiro – acusado de viabilizar
empréstimos fraudulentos para distribuir dinheiro aos políticos.
Vinícius Samarane, diretor do Banco Rural, responde por gestão
fraudulenta, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e evasão de
divisão, e será defendido por José Carlos Dias, ex-ministro da Justiça.
Também está entre os réus a executiva do Banco Rural Ayanna Tenório,
cuja defesa será feita na tarde de hoje por Antonio Cláudio Mariz de
Oliveira, e que responde por gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro e
formação de quadrilha.
A última etapa do quinto dia de julgamento será dedicada à defesa de
políticos. Luiz Gushiken, ex-ministro de Comunicação Social, será
defendido por José Roberto Leal de Carvalho, que reforçará o argumento
de que seu cliente é inocente da acusação de peculato. A absolvição dele
já foi pedida pelo Ministério Público por falta de provas. Já o
deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP), defendido pelo criminalista
Alberto Toron, responde por lavagem de dinheiro, corrupção passiva e
peculato.