Sexta, 28 de setembro de 2012
Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Perto de completar, no próximo dia 2 de outubro, 20 anos
do maior massacre já registrado no sistema penitenciário brasileiro,
quando 111 detentos foram mortos durante uma invasão policial para
reprimir uma rebelião no Presídio do Carandiru, na capital paulista, a
Justiça de São Paulo decidiu hoje (27) que 28 dos policiais militares
acusados pelo massacre vão a júri popular no dia 28 de janeiro de 2013. O
júri está marcado para as 9 horas, no Fórum da Barra Funda, na zona
oeste da capital paulista. A decisão é do juiz José Augusto Nardy
Marzagão, da Vara do Júri de Santana. O processo será julgado em etapas,
devido ao grande número de réus envolvidos.
De acordo com o Tribunal de Justiça de São Paulo serão julgados
nesta primeira etapa os policiais Ronaldo Ribeiro dos Santos, Aércio
Dornellas Santos, Wlandekis Antônio Cândido Silva, Roberto Alberto da
Silva, Joel Cantílio Dias, Antonio Luiz Aparecido Marangoni, Valter
Ribeiro da Silva, Pedro Paulo de Oliveira Marques, Fervásio Pereira dos
Santos Filho, Marcos Antônio de Medeiros, Haroldo Wilson de Mello,
Luciano Wukschitz Bonani, Paulo Estevão de Melo, Roberto Yoshio
Yoshicado, Salvador Sarnelli, Fernando Trindade, Antônio Mauro Scarpa,
Argemiro Cândido, Elder Taraboni, Sidnei Serafim dos Anjos, Marcelo José
de Lira, Roberto do Carmo Filho, Zaqueu Teixeira, Osvaldo Papa, Marcos
Ricardo Polinato, Reinaldo Henrique de Oliveira, Eduardo Espósito e
Maurício Marchese Rodrigues.
A advogada Ieda Ribeiro de Souza, que defende 79 policiais acusados
pelas mortes, esperava que o julgamento fosse marcado após o resultado
da perícia do confronto balístico feita pelo Instituto de Criminalística
(IC), disse à Agência Brasil. No entanto, em sua
decisão, o juiz José Augusto Nardy Marzagão considerou que, diante da
impossibilidade atestada pelo IC de fazer o confronto de balística, a
falta da perícia não deverá prejudicar o julgamento.
“Qual a razão de ser da existência de um processo que permanece sem
julgamento por 20 anos? A resposta nos parece óbvia... A rigor, torna-se
imperioso o julgamento do presente feito”, diz o juiz, em sua decisão.
No dia 2 de outubro de 1992, cerca de 360 policiais invadiram o
Presídio do Carandiru durante uma rebelião e mataram, com uso de
metralhadoras, fuzis e pistolas, ao menos 111 presidiários. A ação dos
policiais é considerada um dos mais violentos casos de repressão à
rebelião em casas de detenção no país.