Quarta, 31 de outubro de 2012
Material reproduzido do jornal O Miraculoso
Vândalos invadiram a esplanada; bárbaros estrangeiros enfiando guela
abaixo sete metros de material sintético vestindo o brasão das
potências estrangeiras. Seguranças protegem o Tatu Cola, estandarte do
exército inimigo, mas o verdadeiro tatu bola, sem segurança, continua
em extinção.
A morte do Tatu Cola na Esplanada dos Ministérios não foi um ato de
vandalismo nem um protesto contra a Coca Cola em si, muito menos contra
os nomes estúpidos sugeridos para o infame boneco, como foi veiculado
pela grande mídia. É claro que essa mídia corporativa, que recebe verba
das grandes empresas e sobretudo o GDF, não iria refletir sobre o ato
que na verdade foi uma expressão de repúdio aos grandes opressores e
oportunistas que estão por trás do evento da Copa do Mundo no Brasil.
Pra quem é feita a copa? Os ingressos caros apenas poderão ser
adquiridos por uma minoria rica (o fim da meia entrada já exclui os
incômodos estudantes); o acarejé, Patrimônio Imaterial da cultura
brasileira, não poderá ser comercializado pelas tradicionais baianas nas
imediações dos estádios, pois lá só os patrocinadores oficiais da FIFA
(Coca Cola e McDonalds) terão primazia para matar a fome de gols dos
entusiasmados compatriotas.
Nas cidades sedes a população pobre é despejada violentamente das
proximidades dos estádios. Em Brasília foram investidos 3 bilhões de
reais nas obras de infraestrutura do mega evento, enquanto um Zé Ninguém
espera semanas com o corpo cheio de fraturas expostas para uma
cirurgia nos hospitais públicos. Os trabalhadores usam o pior
transporte público do país para morrerem anônimos em obras
superfaturadas. O país inteiro ainda clama por verbas para ter uma
educação decente e este evento e seus patrocinadores ignoram as
necessidades básicas da esmagadora maioria da população.
Por isso a “morte” do Tatu Cola não é um ato de vandalismo é uma
resposta a todo cinismo, corrupção e violência que os verdadeiros
vândalos das grandes empresas e do governo impõe, com ajuda da mídia, às
vozes dissonantes.
Será que as crianças querem olhar o buraco de um tatu de plástico?
Aplaudir um jogo comprado que sustenta a destruição dos nossos
patrimônios naturais e culturais? Nós queremos futebol, mas queremos que
o esporte seja a afirmação das nossas riquezas, a alegria do POVO, e
não meio de enriquecimento ilícito de poucos e arma alienação em massa.
Confira a íntegra da carta públicada junto com o vídeo do ataque ao mascote em Brasília:
Vídeo da internet postado pelos autores da ação contra o Tatu Cola:
Outros links sobre o acontecimento:
http://espn.estadao.com.br/noticia/286201_apos-ser-derrubado-em-porto-alegre-mascote-da-copa-do-mundo-e-esfaqueado-em-brasiliahttp://www.burisp.com.br/agencia-de-noticias/4720-mascote-destruido-estava-instalado-na-esplanada-dos-ministerios-sem-autorizacao-do-iphan
http://www.burisp.com.br/agencia-de-noticias/4721-comite-popular-da-copa-no-df-descarta-vandalismo-e-diz-que-ato-contra-mascote-na-esplanada-foi-protesto