Domingo, 25 de novembro de 2012
Procurador diz que esquema sofreu um baque,‘mas não está
morto’; ele questiona o motivo de a CPI não avançar na apuração sobre os
beneficiários dos recursos movimentados
Fernando Gallo, enviado especial Estadão
GOIÂNIA - Coordenador do núcleo de combate à corrupção
do Ministério Público Federal em Goiás, instituição que desencadeou a
Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, e investigou as relações de
Carlinhos Cachoeira com o jogo ilegal no Estado, o procurador da
República Hélio Telho afirma que a tática de defesa de Carlinhos
Cachoeira é a mesma utilizada pelos advogados do processo do mensalão,
em julgamento desde agosto no Supremo Tribunal Federal. Na última
sexta-feira, em sua primeira declaração pública desde que deixou a
cadeia, após passar 226 dias preso em decorrência das investigações da
operação, o contraventor Carlos Cachoeira afirmou que a Procuradoria
tenta fazer “estrelismo” em cima dele e que as escutas telefônicas do
processo são ilegais.
“Você não vê ele se defender daquilo pelo que está sendo acusado. Em
momento nenhum ele nega que tenha chefiado o esquema (de jogos ilegais)
ou que o esquema exista. Ele diz que o processo é nulo. É a mesma tática
de defesa que foi utilizada pelos advogados do processo do mensalão,
que é tentar desqualificar o trabalho do Ministério Público”, sustenta
Telho.
O procurador diz, nesta entrevista ao Estado, não
ter dúvidas de que o esquema ilegal do contraventor “não está morto” e
de que “os negócios ilícitos serão potencializados” com ele solto pela
Justiça. Telho afirma que o indiciamento de dezenas de pessoas pela CPI
do Cachoeira - que poderá ocorrer no relatório do deputado federal Odair
Cunha (PT-MG), cujo resumo deve ser apresentado na Câmara nesta
quarta-feira - “tem efeito jurídico zero” e critica duramente a
comissão, ao dizer que ela tenta proteger os beneficiários dos recursos
das empresas fantasmas do esquema. “Isso é realmente preocupante e deve
ser analisado. Quem está sendo deixado de fora? Quem a CPI está
protegendo?”, indaga o procurador da República.