Terça, 29 de janeiro de 2013
Carolina Sarres - Agência Brasil
Brasília – No Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, lembrado
hoje (28), 409 empregadores estão na lista suja do trabalho escravo,
elaborada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Instituto
Ethos, a Organização Não Governamental (ONG) Repórter Brasil e o
Ministério do Trabalho. A lista reúne empresas ou contratantes (pessoa
física) que mantêm trabalhadores em condições análogas às de escravidão.
Calcula-se que os citados no cadastro empregam 9,1 mil trabalhadores,
em setores majoritariamente agropecuários – como na criação e no abate
de animais, no plantio e no cultivo de espécies vegetais, segundo apurou
a Agência Brasil. Ainda há empresas de extração mineral, comércio e construção civil.
A lista suja do Trabalho Escravo está disponível na íntegra na internet, e
pode ser consultada por qualquer pessoa por meio do nome da
propriedade, do ramo de atividade, do nome do empregador (pessoa
jurídica ou física), dos cadastros de Pessoa Física (CPF) ou de Pessoa
Jurídica (CNPJ), do município ou do estado. A lista foi criada em 2004
por meio de resolução do Ministério do Trabalho.
O infrator (pessoa física ou empresa) é incluído na lista após decisão
administrativa sobre o auto de infração lavrado pela fiscalização. Os
dados são atualizados pelo setor de Inspeção do Trabalho do ministério.
Quando entra na lista, o infrator é impedido de ter acesso a crédito em
instituições financeiras públicas, como os bancos do Brasil, do
Nordeste, da Amazônia, e aos fundos constitucionais de financiamento. O
registro na lista suja só é retirado quando, depois de um período de
dois anos de monitoramento, não houver reincidência e forem quitadas
todas as multas da infração e os débitos trabalhistas e previdenciários.
Na última sexta-feira (25), foi publicado no Diário Oficial da União
o resultado das auditorias fiscais do trabalho em 2012. De janeiro a
dezembro do ano passado, foram cerca de 757,4 mil ações. Do total, 241
foram para combater o trabalho escravo.
Durante esta semana, serão promovidos diversos eventos em várias
cidades do país para debater a questão. O ministro do Trabalho, Brizola
Neto, se reuniu hoje com membros da Comissão Nacional de Erradicação do
Trabalho Escravo (Conatrae), em Belo Horizonte, para discutir os
desafios e os avanços do tema - como o trâmite no Congresso Nacional da
Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do Trabalho Escravo, que prevê a
expropriação de terras urbanas e rurais onde for comprovado o uso desse
tipo de trabalho. A PEC já foi aprovada pela Câmara e precisa passar
pelo Senado, o que está previsto para ocorrer ainda este ano.
Na próxima quinta-feira (31), estão previstos debates com a ministra da
Secretaria de Direitos Humanos (SDH), Maria do Rosário, em São Paulo,
quando será levado ao prefeito da cidade, Fernando Haddad, a necessidade
de avanços da Carta-Compromisso contra o Trabalho Escravo, firmada em
agosto de 2012, ainda quando o petista era candidato à prefeitura da
capital paulista.
É considerado trabalho escravo reduzir uma pessoa à essa situação,
submetendo-a a trabalhos forçados, jornada exaustiva, condições
degradantes, restringir sua locomoção em razão de dívida com o
empregador ou por meio do cerceamento de meios de transporte, manter
vigilância ostensiva no local de trabalho e reter documentos ou objetos
do trabalhador com o intuito de mantê-lo no local.
Edição: Carolina Pimentel