Sábado, 27 de abril de 2013
Num claro conflito de interesses,
parlamentares lucram com contratos milionários do maior programa
habitacional do governo. Políticos são beneficiados na venda de terrenos
e ao colocar suas próprias empreiteiras para tocar as obras
por Josie Jeronimo
Revista IstoÉ
De vitrine do governo Dilma Rousseff à
vidraça para os órgãos de controle, o programa Minha Casa, Minha Vida se
tornou uma fonte de problemas e fraudes. Nas últimas semanas, o jornal
"O Globo" denunciou que ex-servidores do Ministério das Cidades
integrariam um esquema para ganhar contratos de habitação destinados às
faixas mais pobres da população. Os antigos funcionários das Cidades não
são, porém, os únicos que lucram com um dos principais programas
sociais do governo. Levantamento feito por ISTOÉ indica que a política
habitacional criada para ajudar os mais pobres enriquece também
deputados e senadores. Os parlamentares se aproveitam de um filão
imobiliário que já movimentou R$ 36 bilhões em recursos públicos para a
construção de 1,05 milhão de casas e apartamentos para famílias de baixa
renda. Os dados do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR) – reserva
financeira composta por recursos do FGTS e gerenciada pela Caixa
Econômica Federal – mostram que parlamentares de diferentes partidos têm
obtido vantagens financeiras com o programa de duas maneiras: na venda
de terrenos para o assentamento das unidades habitacionais e na obtenção
de contratos milionários para obras que são realizadas por suas
próprias empreiteiras. Entre eles, os senadores Wilder Morais (DEM-GO) e
Edison Lobão Filho (PMDB-MA), filho do ministro de Minas e Energia e
presidente da Comissão de Orçamento do Senado, e os deputados Inocêncio
Oliveira (PR-PE), Augusto Coutinho (DEM-PE) e Edmar Arruda (PR-PR).
A CASA É NOSSA
Os deputados Augusto Coutinho, Inocêncio Oliveira e os senadores Wilder Morais
e Lobão Filho (da esq. para a dir.) têm sido favorecidos pelo programa Minha Casa, Minha Vida