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(Millôr Fernandes)

sábado, 25 de maio de 2013

Estão querendo confundir e intimidar a Comissão da Verdade. Mistificação colossal: “Sempre se torturou no Brasil e se tortura até hoje”

Sábado, 25 de maio de 2013
Estão querendo confundir e intimidar a Comissão da Verdade. Mistificação colossal: “Sempre se torturou no Brasil e se tortura até hoje”. A investigação de Geisel em 64 no Recife, a confirmação das barbaridades cometidas, o relatório de 17 laudas que Castelo mandou arquivar como confidencial. A absurda “anistia ampla, geral e irrestrita, que só beneficiou os militares, principalmente torturadores. Em 1981, depois da “anistia” e da destruição da Tribuna, meu depoimento de 6 horas no Senado, depoimento que DESAPARECEU completamente. 32 anos depois, a Comissão da Verdade pode encontrá-lo?
 
Helio Fernandes
A chamada “Comissão da Verdade”, atenta aos fatos que procura revelar, totalmente desatenta com o que tentam fazer com ela, mistificá-la ou desmoralizá-la. A Comissão age apenas como um órgão teórico, sem maior profundidade. Está tendo cobertura deformada e exaustiva, que vai levá-la ao cansaço e à inutilidade.

O primeiro exemplo: a Comissão não sabe, sequer percebe, que os militares se organizaram para sutilmente, sem maior alarde, sabotar suas investigações e inutilizar as conclusões. Para isso formaram um grupo grande de oficiais da reserva, para estar presente em todas as reuniões públicas da Comissão. Quatro ou cinco estão lá, sempre, silenciosos. Um, escalado antecipadamente, geralmente no final da sessão (para que não haja resposta ou contestação), faz uma pergunta em tom amável, sobre assunto que não está na pauta. O fato se repete com insistência, é planejado.

Esses oficiais estão preparados , em qualquer emergência, circunstância ou eventualidade, mostrar a carteira,  para “provar que não temos nem idade para ter participado de qualquer fato contestado aqui”. E não há dúvida de que não podem ser desmentidos, alguns serviram, vagamente, quando a ditadura se encaminhava para o fim, o que é natural, todas elas acabam.

A Comissão faz um esforço notável para comprovar a inutilidade, mas não tem a menor preocupação com o que se passa em volta dela, os que se organizaram para “arrastar” e praticamente “eternizar” a busca sobre 21 anos. Pelo menos 13 deles, tenebrosos, trágicos, assassinos, quase todos mortos, mas que, por interpostos personagens, querem deixar tudo sepultado, embora dezenas (ou centenas, não se sabe) estão insepultos, desaparecidos, torturados em vida.