Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Mais Médicos

Quinta, 29 de agosto de 2013
Por Gilvan Rocha
Existe falta de médicos em vários municípios do Brasil. Diante disso, a sra. Dilma optou por importá-los. Deu-se, então, uma disputa: de um lado os médicos se opunham, por motivos coorporativos; por outro lado, o governo viu a oportunidade de ter ganhos eleitorais.
 
Não se há de negar a pertinência da “importação”. Pesa sobre ela questões de natureza técnica e cientifica. Na questão técnica, levanta-se o problema da língua, que não se pode desprezar, quando se sabe que o povo tem uma linguagem beirando um dialeto e isso dificulta a relação médico e paciente. Em resposta a isso, o governo se propõe a dar um curso de língua, de medicina e de legislação em 120 horas. Isso é ineficaz para dotar alguém do domínio mínimo do idioma, especialmente em se tratando da necessidade do médico se informar das doenças e sintomas portados pelos pacientes.
 
No quesito da aptidão cientifica, é justo que se avalie o grau dessa aptidão, mesmo que se diga que esses médicos só possam praticar atendimentos básicos. Todas essas questões são colocadas em debate. Porém, devemos estar atentos, diante do empenho das partes em utilizar esses fatos para esconder, de um lado, o inaceitável corporativismo dos médicos e de outro, a pressa eleitoreira do governo. Entretanto uma coisa deve ficar clara: o programa Mais Médicos atende aos anseios da população, especialmente as que habitam os confins do Brasil.
 
O caso dos médicos cubanos também suscita polêmicas que vão desde as questões mencionadas, como uma outra de natureza trabalhista, quando os médicos “alugados” por uma importância X só receberão o valor Y, sendo a diferença apropriada pelo Estado cubano. Isso tem merecido dos críticos dessa prática, o argumento de que médicos cubanos tornaram-se “commodities” para o governo daquela ilha e isso não se coaduna com os valores aceitados.
 
O imbróglio criado serve para expor o conteúdo do governo brasileiro, voltado, antes de tudo, para os interesses maiores do capitalismo, recorrendo a medidas emergenciais diante da degradação dos serviços de saúde, quando se deveria tratá-la como um ponto essencial e não recorrer a essas atitudes apressadas e atabalhoadas.
 
Fonte: gilvanrocha.blogspot.com.br