Quarta, 25 de setembro de 2013
De reporterbrasil.org.br
Ao todo, 111 migrantes nordestinos
foram escravizados. Contratados para trabalhar na ampliação do aeroporto
mais movimentado da América Latina, eles passavam fome
Por Stefano Wrobleski
Quando o Aeroporto Internacional de
Guarulhos, na Grande São Paulo, começou a ser construído em 1980, a
população do distrito de Cumbica, onde ele fica, cresceu
vertiginosamente. Os novos habitantes, em sua maioria do Nordeste do
Brasil, ali se estabeleceram para trabalhar pelos cinco anos seguintes
nas obras do aeroporto. Mais de trinta anos depois, os bairros do
distrito agora abrigam grande parte dos 4,5 mil funcionários da OAS, uma
das maiores construtoras do país e a responsável pelas obras de
ampliação do aeroporto mais movimentado da América Latina. Segundo
fiscalização conduzida por auditores fiscais do Ministério do Trabalho e
Emprego (MTE), são empregados dela também 111 homens resgatados de
condições análogas às de escravos. Para garantir o pagamento de verbas
rescisórias e indenizações, o MPT acionou a Justiça Trabalhista, que
determinou o bloqueio imediato de R$ 15 milhões da empresa*.
Aliciadas em quatro Estados do Nordeste – Maranhão, Sergipe, Bahia e
Pernambuco –, as vítimas aguardavam ser chamadas para trabalhar alojadas
em onze casas de Cumbica que estavam em condições degradantes. Além do
aliciamento e da situação das moradias, também pesou para a
caracterização de trabalho escravo o tráfico de pessoas e a servidão por
dívida.