Quarta, 30 de outubro de 2013
Carlos Newton
Tribuna da Imprensa
Tribuna da Imprensa
Como todos nós, o vereador e ex-prefeito carioca Cesar Maia tem
muitos defeitos e também mostra qualidades. Sua atuação como analista de
pesquisas de opinião, por exemplo, é muito interessante. Enquanto todos
os jornais destacam um suposto crescimento da presidente Dilma Rousseff
na última pesquisa do Ibope, Maia mostra exatamente o contrário.
Mas como? É que a análise do ex-prefeito vasculha a pesquisa no que
ela tem de mais importante. Para ele, o que interessa são os índices de
aceitação do governo de Dilma Rousseff e não a famosa pesquisa
estimulada, tipo: “Em quem votaria hoje? Fulana, Sicrano ou Beltrano?”
Maia chama atenção para o fato de que o Ibope mostra que a reprovação
a Dilma Rousseff subiu em todos os aspectos. Na comparação com a
pesquisa do mesmo Instituto Ibope de setembro, os resultados foram os
seguintes:.
Avaliação Dilma Ruim+Péssimo: Setembro – 22%. Outubro – 26%; Desaprovam Dilma: Setembro: 40%. Outubro 42%; Não Confiam em Dilma: Setembro: 43%. Outubro 46%.
DOPING PUBLICITÁRIO
Como se sabe, quando as avaliações de Dilma desabaram após as
manifestações nas ruas em junho, o governo passou a usar todo o aparato à
disposição, a partir das dicas e truques do marqueteiro-guru João
Santana, usando a máquina oficial e a imprensa, fazendo promoções,
lançamento de programas, viagens, acompanhamento semanal e às vezes
diário em pesquisas. Mas todo esse aparato não foi suficiente para a
recuperação sustentável de sua imagem, conforme explica Cesar Maia:
“No início, apelou para um plebiscito, querendo jogar o desgaste para
o Congresso. Criou o programa do mobiliário para a casa própria. Depois
incluiu computadores. Polemizou com a importação de médicos. Sancionou a
lei da autonomia dos taxistas. Tudo com comemorações para as câmeras da
mídia. Formou rede nacional de TV e Rádio 4 vezes desde junho, a última
tentando justificar o leilão do pré-sal, numa curiosa matemática onde
40% se transformam em 85%. Dilma e seus publicitários adotaram a máxima
de Dick Morris (publicitário da reeleição de Clinton): “Todo dia é dia
de eleição”. Diariamente cria algum fato para pontear nos noticiários
noturnos das TVs. Aumentou o número de entrevistas em rádio. Treinou um
sorriso mais simpático e abriu sua porta aos políticos, querendo
suavizar sua imagem de durona”, assinala o ex-prefeito.
Ao final, Maia diz que não funcionou “esse verdadeiro doping de
iniciativas para impulsionar a imagem e os índices de avaliação
positiva. “Depois do refluxo de uns 5 pontos, estacionou nas avaliações
positivas e piorou nas negativas. Ou seja: toda essa massificação para
melhorar sua imagem bateu no teto”, conclui o ex-prefeito.