Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

A grande chance


Terça, 3 de dezembro de 2013

Por Ivan de Carvalho
Como presidente estadual [da Bahia] do Democratas é natural que o deputado Paulo Azi deseje que o candidato a governador da oposição tradicional ao governo do PT seja de seu partido. E, neste, o principal nome é o do ex-governador Paulo Souto, que tem também em seu currículo político o cargo de secretário de Estado, um mandato de vice-governador, dois mandatos de governador e um de senador.
       Mas o PSDB vem enfeitando a candidatura do empresário e ex-prefeito de Mata de São João (cargo no qual considera-se que teve muito bom desempenho), João Gualberto, que está fazendo um grande esforço para ganhar visibilidade junto ao eleitorado, o que inclui numerosas excursões ao interior do estado.
       No entanto, quando se examina (de telescópio, tal a distância que dele nos separa) o cenário definitivo das eleições majoritárias de 2014 na Bahia, pode-se ver, ou não, o nome de João Gualberto na chapa. Mas certamente que, se estiver nela, não será disputando a sucessão de Jaques Wagner com Lídice da Mata, do PSB e Rui Costa, do PT.
O PSDB, seu partido, não tem, na Bahia, musculatura suficiente para colocá-lo fundamentadamente – sob os aspectos político e eleitoral – na cabeça de chapa do que deverá ser o principal aglomerado partidário das oposições. Esse aglomerado inclui, no momento – e com amplo destaque e importância – o PMDB, cujo nome predileto para o governo é o de Geddel Vieira Lima. Está nesse aglomerado também o PTN presidido pelo deputado João Carlos Bacelar. Outras legendas poderão eventualmente juntar-se às citadas, visto que há um entendimento bastante generalizado nos meios políticos baianos de que as eleições majoritárias do ano na Bahia, para governador e vice e senador, não serão fáceis para lado algum.
Além do aglomerado governista e do aglomerado oposicionista já citado, haverá um outro aglomerado de oposição, representado ou liderado pelo PSB, alinhado com a candidatura presidencial do governador pernambucano Eduardo Campos (ou de Marina Silva), e que tem como principais destaques a candidatura da senadora Lídice da Mata a governadora e a da hoje ministra do STJ, a baiana Eliana Calmon, ex-corregedora nacional de Justiça, para o Senado.
Esse aglomerado socialista parece ter a capacidade (muitas pessoas ligadas às chamadas “esquerdas” não apenas estão chamando a atenção para a possibilidade, mas para movimentos discretos e iniciais da concretização do fenômeno) de atrair segmentos de militância e de eleitores da faixa de esquerda do aglomerado partidário governista.
Bem, volto ao começo, isto é, ao presidente estadual do Democratas, deputado Paulo Azi. Há algumas semanas, conversando rapidamente com ele (já relatei quase toda essa conversa de elevador aqui), admirei-me com a ênfase com que afirmava que “nunca foi tão grande a chance da oposição de ganhar as eleições”, ao que fazia apenas uma ressalva: “Mas precisamos arrumar a casa”. Basicamente, esta arrumação significava levar DEM, PMDB e PSDB a consolidarem uma aliança em torno de nome único para candidato a governador, já no primeiro turno. Os nomes em destaque são os do democrata Paulo Souto e do peemedebista Geddel Vieira Lima. Isso não precisou Azi explicar, saltava da observação “mas precisamos arrumar a casa”.
Mas o repórter tem a obrigação de buscar mais, de espicaçar. Por que a chance é tão grande assim? “Porque o candidato é Rui Costa”. Mas de onde vem essa certeza toda? “Já está resolvido. O governador já resolveu. Ele está convencido que ganha com qualquer um e então já escolheu o Rui, que ele prefere”.
Bem, essa previsão acabou mesmo confirmada, o secretário Rui Costa é o candidato do PT e do governo. Na época, ainda não estava consolidada a candidatura de Lídice da Mata, pelo PSB, nem o ingresso de Eliana Calmon no mesmo barco. Mas, parece, isso não infundirá pessimismo ao presidente do Democratas.
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Este artigo foi publicado originariamente na Tribuna da Bahia desta terça.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.