Terça, 10 de dezembro de 2013
Criado
em 1952, como uma autarquia federal pelo presidente Getúlio Vargas, o Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) teve a finalidade de participar
como órgão indutor e planejador da industrialização que tomava impulso no país.
Duas décadas depois se tornou empresa pública e, em 1982, recebeu na sigla o
acréscimo da letra S, de ‘social’. A alteração pretendia refletir uma
preocupação oficial com um maior equilíbrio na distribuição dos frutos do
crescimento econômico.
Hoje,
o BNDES não é conhecido por ações na área social, mas por uma política de apoio
a grandes corporações privadas com a utilização de recursos públicos. O
relatório de uma comissão parlamentar indica que num curto período de cinco
anos, a partir de 2008, o BNDES gastou cerca de R$ 700 bilhões para comprar
participações em empresas. Desse total, R$ 300 bilhões saíram do Tesouro
Nacional, informa a revista AméricaEconomia.
Muitos
empreendimentos resultaram em graves prejuízos astronômicos, gerando
consequências para o endividamento público. Para financiar o banco, o governo
lança títulos da dívida pública. Paga juros de mercado de 10%, ou mais ao ano e
o BNDES repassa esse dinheiro por meio de empréstimos a empresas selecionadas -
não se sabe por quais critérios -, a uma taxa de 6%. A diferença é paga pelos
brasileiros que trabalham, e sequer têm ideia da forma voluntariosa com que o
dinheiro público é tratado.
Além
disso, o BNDES também saca do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), recurso que
deveria ser protegido de ações temerárias, para estimular negócios e aventuras
como as do ex-bilionário Eike Batista. Com a falência do empresário, R$ 10,4
bilhões foram pelo ralo, sem que se tenha notícia de qualquer ação do governo
para recuperar essa fortuna mal aplicada. Prejuízo semelhante é o resultante de
aplicações que somam R$ 8,1 bilhões em um frigorífico, cujas ações vêm caindo
de valor ano a ano.
Tais
prejuízos não podem ser considerados meros ‘acidentes’, conforme declaração de
um executivo do banco em audiência no Congresso Nacional. Embora alegue razões
de sigilo empresarial para não fornecer informações detalhadas sobre sua
atuação, o BNDES deve muitas explicações à sociedade.
*Pedro Simon é senador da República
pelo PMDB-RS.
Fonte: Jornal do Brasil